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Floresta Amazônica inspira novos produtos

OESP, Especial, p. H8
03 de Dez de 2009

Floresta Amazônica inspira novos produtos
Com criatividade, artesãos transformam matéria-prima em acessórios vendidos ao exterior

Liège Albuquerque
Manaus

Criatividade não falta a quem se dispõe a investigar as alternativas econômicas explorando frutas, óleos e até folhas de mais de 13 mil árvores e plantas catalogadas na Região Amazônica pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), além das ainda desconhecidas. Geleias, cremes de beleza, aromatizadores, joias, acessórios e bebidas com frutas exóticas já estão no mercado amazonense, mas principalmente no exterior.

"Acho que o amazonense é meio desconfiado quando a gente pega a matéria-prima bruta e inventa, tipo fazer geleia de pupunha, que é rica em vitamina A e o amazonense come pura, cozida", diz o empresário Márcio Barbosa, que há um ano vende para padarias de Manaus geleias de açaí, tucumã e cupuaçu, mas lucra mesmo com vendas para outros países.

Na Feira Internacional da Amazônia (Fiam), da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), aberta em 25 de novembro, 30 pequenos e médios empresários tiveram seus produtos selecionados para uma vitrine de novos produtos com matéria-prima da floresta, como as geleias de Márcio Barbosa.

A designer de biojóias Rita Prossi, no mercado há 15 anos, expôs na Fiam cintos de couro de tambaqui e surubim, além de uma nova coleção de joias de ouro e prata com frutos de plantas medicinais como andiroba e copaíba. "O mercado, principalmente o estrangeiro, está ávido por produtos da Floresta Amazônica, mas exige certificação de que a matéria-prima não veio de área desmatada ou de exploração de mão de obra infantil ou escrava", diz ela.

No mercado há quatro anos com açaí e guaraná solúveis, a empresária Ana Paula Ferreira expôs na feira pacotinhos de pó solúvel de camu-camu, frutinha rica em vitamina C. "Conto com sócios agrônomos e químicos na equipe para conseguir processar o alimento sem perder suas vitaminas e, no caso da camu-camu, concentrar mais a vitamina C", garante.

Ana Paula vende em um box no Aeroporto de Manaus e num hotel cinco estrelas, mas diz que 80% do que produz é exportado para a Irlanda, Alemanha, Austrália, Japão e Estados Unidos. "O apelo da floresta parece fazer mais sucesso lá fora do que no País."

Estiveram expostos na Fiam produtos como um creme antirrugas da árvore mulateiro, criação do farmacêutico Evandro Silva; sementes de açaí e jarina como aromatizadores, criados pelo empresário José Vieira; mudas in vitro de plantas ornamentais amazônicas, da empresária Nádia Silva; e cuias de chimarrão feitas com ouriço da castanha-do-pará, criadas pelo empresário Eduardo Zózimo Figueira.

Bombom de Cupuaçu é sucesso na Europa e EUA

Quase sempre o trabalho começa como alternativa ao desemprego, com o produto tirado da diversidade da matéria-prima da selva. "A gente pegou a receita de bombom de cupuaçu da família e vendemos para sobreviver. Começamos com 200 por semana e hoje são 40 mil bombons por dia", conta o diretor de marketing da Bombons Finos da Amazônia, Jorge Alberto da Silva Filho. A história do sucesso de dez anos da empresa, começando com quatro funcionários da família e hoje com 52, é mais uma entre as 6 mil pequenas e médias empresas que vendem produtos da Floresta. A Bombons Finos tem quatro lojas em Manaus e uma em Belo Horizonte, e exporta em pequenos lotes para França, Holanda e Estados Unidos.

OESP, 03/12/2009, Especial, p. H8

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