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Fiscais flagram 431 em regime escravo

O Globo, O País, p. 15
23 de Ago de 2006

Fiscais flagram 431 em regime escravo
Cortadores de cana são mandados cie volta para seus estados de origem

Adauri Antunes Barbosa

Mais de 430 trabalhadores que atuam no corte de cana foram encontrados na região de Bauru, noroeste de São Paulo, trabalhando em regime que caracteriza o trabalho escravo, sem as garantias mínimas exigidas pela lei, recebendo menos que um salário mínimo, conforme constataram duas ações de fiscalização empreendidas por auditores da subdelegacia local do Ministério do Trabalho.

Em Pederneiras, 31 trabalhadores chegavam a passar fome e dormiam em galpões em precárias condições sanitárias.

Eles foram resgatados por fiscais do Ministério do Trabalho e mandados de volta para a Bahia, onde foram recrutados para o trabalho no corte de cana em São Paulo.

Já em Lençóis Paulista, os fiscais flagraram cerca de 400 cortadores de cana terceirizados trabalhando dez horas por dia e com salários inferiores ao mínimo estabelecido pelo governo.

O auditor fiscal do trabalho Wilson Antonio Bernardi conduziu a volta dos 31 trabalhadores para a Bahia e para Minas Gerais e acompanhou o pagamento das rescisões dos contratos de trabalho.

Os dois grupos de trabalhadores explorados trabalhavam para usinas do grupo Zillo Lorenzetti.

Em Pederneiras, eles atuavam para a usina São José e, em Lençóis Paulista, para a usina Barra Grande, na Fazenda Velha.

Nos dois casos flagrados pelo Ministério do Trabalho, a mão-de-obraa era terceirizada, o que é proibido pela legislação.

- Em Pederneiras, os empregados eram contratados pela Bruno Carlos Rocha EPP. Hoje (ontem) na hora da rescisão dos contratos, a empresa teve de desembolsar entre R$ 18 mil e R$ 20 mil. Agora vamos verificar se tudo feito corretamente - explicou o auditor fiscal.

A empresa que contratou os trabalhadores de Pederneiras teve de pagar, além das despesas rescisórias dos trabalhadores, a viagem de volta e duas diárias de alimentação.

No grupo formado por cerca de 400 cortadores de cana, os trabalhadores cumpriam jornada 7h às 18h e recebiam menos de um salário-mínimo.

O Globo, 23/08/2006, O País, p. 15

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