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Filme irá mostrar cultura Kaxinawá

A Gazeta-Rio Branco-AC
Autor: LAMLID NOBRE
17 de Jan de 2005

Foram cinco dias viajando de barco pelos rios Tarauacá e Jordão até chegar à aldeia Chico Kurumin, na Terra Indígena do Rio Jordão. A dificuldade de acesso não foi empecilho para que a equipe da produtora Jibóia, de São Paulo, trabalhasse em quarenta horas de filmagem para documentar um dos rituais mais tradicionais e bonitos da cultura Kaxinawá: a dança.

Muitas delas foram apresentadas pela população indígena Kaxinawá durante um festival de cultura que aconteceu entre os dias 27 e 29 de dezembro passado, na aldeia. O evento reuniu no local várias aldeias e lideranças indígenas, além de visitantes japoneses e representantes do Ministério do Meio Ambiente e do Museu de Ciências Naturais dos Estados Unidos.

O indigenista Txai Terry Aquino, que acompanhou a execução do trabalho, explica que pelo menos uma vez por ano as populações indígenas celebram a fertilidade dos solos, através da dança denominada Mariri e festejam os resultados positivos da safra com o Katxa Nawa. Além das danças ligadas ao ciclo agrícola, tem ainda o Tirim que é a festa do gavião real.

A eleição do indígena Siã Kaxinawá, como vice-prefeito do município de Jordão, também foi motivo de comemoração.

"Realmente é algo muito bonito de se ver. Não é a primeira vez que filmamos tribos indígenas. Já temos outros trabalhos no Brasil. Mas essa cultura indígena do Acre é muito impressionante não só pela beleza, mas pela força que representa", comentou o cineasta. paulista Fernando Assad, responsável pela produção.

Ele relata que ficou impressionado com o resultado do trabalho. "Dá para fazer um belíssimo filme que nós vamos estar apresentando, inclusive, fora do Brasil, como nos Estados Unidos e na Noruega", disse. A idéia é lançar o documentário, em DVD, já no mês de abril (mês em que se festeja o dia do índio) em Brasília, além de apresentá-lo em festivais internacionais de vídeo.

O material produzido também será apresentado nas escolas e incluído no acervo da população Kaxinawá, que já tem outras publicações como livros e outros vídeos.

Este filme é uma iniciativa independente da produtora paulista e foi realizado em parceria com a Associação dos Seringueiros Kaxinawás do Rio Jordão com o apoio da Comissão Pró-Índio (CPI), do governo do Estado, através da Secretaria Especial de Povos Indígenas e do Ministério do Meio Ambiente.

A musicalidade da população Kaxinawá, que tem pelo menos dois livros com letras de músicas publicados, é outro traço que chama a atenção. Fernando, que também é músico, disse que ficou surpreendido com a qualidade musical apresentada no festival de cultura.

Quem são os Kaxinawá, Huni Kuin

Os Kaxinawá se autodenominam Huni Kuin, que quer dizer "gente verdadeira" e falam o Hãtxa Kuin, "língua verdadeira", da família lingüística Pano. Sua população é de cerca de seis mil pessoas vivendo em meio à floresta tropical desde o leste peruano até o Acre.

De acordo com dados da CPI, existem, dezessete al-deias Kaxinawá no alto do Rio Purus e em seu afluente, o Curanja, no Peru, com cerca de 1,5 mil indígenas. Os Kaxinawá que vivem no Acre, cerca de 4,5 mil pessoas, habitam doze terras indígenas localizadas no Rio Purus e em vários afluentes do Alto Juruá, como os rios Envira, Muru, Humaitá, Tarauacá, Jordão e Breu.

A população indígena Kaxinawá é a mais numerosa do Acre, representando 43% do total de indígenas do Estado.

Apesar do constante contato com os "brancos", a identidade cultural dos Kaxinawá é preservada e muitos de seus conhecimentos são mantidos sob sigilo como a língua, medicina natural, diversas festas, pintura e artesanato.

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