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Filho de chefe kuikuro projeta vida entre a aldeia e a cidade

24 Horas News
Autor: Pedro Biondi
12 de Ago de 2007

O jovem Maricá Kuikuro, 25 anos, é um dos filhos do chefe Tabata, um dos três principais líderes da maior aldeia desse povo. Ele diz que pretende, no futuro, assumir essa função, e alternar a vida ali e na cidade.

Maricá integra o Coletivo Kuikuro de Cinema, que registra cantos, danças e narrativas da etnia e, paralelamente, desenvolve um trabalho autoral. Ele é um dos dois diretores das produções do grupo exibidas na aldeia em 22 de julho.

Como muitos jovens da aldeia, ele usa roupas em parte do tempo e fala português. Como vários deles, tem e-mail. Como alguns, namora uma moça de fora. Como alguns poucos, anda de moto. Como poucos, já esteve em várias capitais estaduais. Como pouquíssimos, está em preparação para responsabilidades de chefia, status tradicionalmente hereditário.

"Automaticamente a gente já vem como chefe", comenta. "Mesmo que eu não quisesse seria assim." Ele diz que, por ora, a principal atribuição que tem nesse sentido é cuidar da organização dos jovens.

O pai, Tabata, é, hoje, o representante da comunidade para assuntos externos - uma espécie de chefe de Estado - e vive parte do tempo em Canarana (MT), parte na terra natal. Maricá desenha algo semelhante para o futuro. "Hoje já viajo muito para divulgar nossas produções, vou a festivais de vídeo...", conta.

O modo de vida da família teve a ver com as tradições kuikuro - na verdade, buscou contorná-las. Pelas crenças dessa etnia, a presença de Jimi e Siron, hoje com 2 anos, causaria problemas. "O nascimento de gêmeos trazia maldade ao mundo", explica o irmão Maricá. Para evitar isso, o procedimento usual seria o sacrifício.

Segundo o jovem, a casa em Canarana também tem a ver com a possibilidade de estar "perto de tudo", como pronto-socorro. "Em uma semana aqui, eles pegaram uma diarréia", relata, enquanto, do colo da mãe, dois pares de olhinhos curiosos se pregam no visitante perguntador.

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