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Filha diz que sertanista se desfez de armas

O Globo, O Pais, p.10
13 de Out de 2004

Filha diz que sertanista se desfez de armas
Apoena, enterrado ontem no Rio, aderiu à campanha do governo
Uma das filhas de Apoena Meirelles disse ontem que a família não tem indícios de que o sertanista tenha sido assassinado por encomenda. Segundo Tainá Meirelles, de 27 anos, há dois meses seu pai lhe disse que entregara suas armas à campanha pelo desarmamento. Apoena foi enterrado ontem no Cemitério do Caju.
— Está saindo na imprensa que o meu pai estava sendo perseguido ou ameaçado de morte. Não há evidências. No entanto não se deve descartar essa possibilidade. Eu quero que a polícia apure os fatos até o fim. O meu pai entregou todas as armas que ele tinha, faz dois meses, para a campanha do desarmamento. Um homem que estaria sendo ameaçado de morte não entregaria suas armas — disse ela, antes do enterro.
Mãe de Apoena pede justiça a presidente da Funai
Além de parentes, foram ao enterro o presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, e três índios da nação xavante. A mãe de Apoena, Abigail Lopes, de 83 anos, pediu justiça a Mércio:
— Deviam botar guarda-costa para ele viajar. Tenho que pedir justiça.
Cleonice Mansur, funcionária da Funai que estava com Apoena na agência bancária em Porto Velho, onde ele foi assassinado, contou que um dos tiros foi à queima-roupa:
— Ele (o assassino) deu um tiro à queima-roupa. Comecei a gritar e fui para o fundo da agência. Outro disparo. Eu coloquei a mão na cabeça e falei: Moço, pelo amor de Deus, pára de atirar, toma aqui, toma tudo”. Dei a carteira, ele falou me dᔠe saiu.
Uma câmera de segurança da agência foi furtada anteontem. Dois homens foram presos. A polícia, no entanto, não liga o furto das câmeras ao crime.

O Globo, 13/10/2004, p. 10

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