Zero Hora-Porto Alegre-RS
24 de Jul de 2002
O presidente Fernando Henrique Cardoso inaugurará amanhã em Manaus (AM) a primeira das três centrais de monitoramento aéreo do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam).
Doze anos depois de idealizado, o mega-projeto de patrulhamento da região, orçado em US$ 1,4 bilhão, começará a operar com apenas 75% de sua estrutura montada.
Hoje, FH deve viajar para Anápolis (GO), a 150 quilômetros de Brasília, para participar da solenidade de entrega dos primeiros aviões equipados com radares que atuarão na Amazônia.
A inauguração ocorre em meio a novas denúncias envolvendo o serviço de informações dos Estados Unidos e oficiais brasileiros. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, documentos oficiais do governo dos EUA mostram que um oficial brasileiro envolvido na montagem do Sivam - o brigadeiro Marcos Antônio de Oliveira, atual chefe do Estado-maior da Aeronáutica - teria passado informações do governo para representantes daquele país interessados em melhorar a proposta da empresa americana Raytheon, que veio a ser escolhida como a fornecedora de equipamentos para o Brasil.
Ontem, o Comando da Aeronáutica não quis se pronunciar sobre a denúncia. Limitou-se a repetir os termos de nota enviada ao jornal paulista atestando que o projeto Sivam foi auditado por diversas ocasiões e continua sendo acompanhado pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Documentos obtidos pelo jornal citam o brigadeiro Marcos Antônio de Oliveira como tendo entregue aos americanos documento confidencial que seria enviado ao então ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, almirante Mário César Flores. O documento sugeria a Flores que o governo desse declaração oficial de que os equipamentos seriam usados para combater o narcotráfico, o que facilitaria a aprovação de financiamentos nos EUA incorporados à proposta da Raytheon.
- Ainda vai haver muitas especulações sobre o Sivam, sobretudo em ano eleitoral. Não me recordo de nenhum documento desse tipo, mas o que posso dizer é que nunca deixou de ser ponto pacífico que o Sivam era para combater o narcotráfico - disse ontem o almirante da reserva Mário Flores.
O presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, deputado Aldo Rebello (PCdoB-SP), defendeu a abertura de novas investigações. Ele disse que pretende pedir ao ministro-chefe do gabinete de Segurança Institucional, general Alberto Cardoso, que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) investigue o caso.
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