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Festival Yawá ensina o mundo a viver em paz

Kaxiana
Autor: Romerito Aquino
19 de Dez de 2007

E as manifestações culturais e espirituais dos povos da floresta começam aos poucos a invadir o mundo para ensiná-lo a ser mais justo, mais fraterno, mais solidário e mais igual para todos viverem em paz, num planeta menos quente e menos sujeito às respostas emplacáveis e irreversíveis que a natureza impõe hoje ao homem branco, tais como terremotos, maremotos, furacões, secas, cheias etc.

É justamente disso que se encarregará de fazer, no primeiro semestre do 2008 que se aproxima, uma mais belas manifestações culturais e espirituais existentes hoje na Amazônia. Trata-se do Festival de Canto, Dança, Expressão Artística, Manifestação Cultural e Espiritual do povo indígena Yawanawá, que vive nas cabeceiras do rio Gregório, a nove horas de barco do município acreano de Tarauacá, em meio a muita paz, alegria e harmonia com a mãe natureza.

O Yawá, como é chamado o festival cultural e espiritual dos Yawanawá, vai se apresentar durante cinco dias, a partir de 20 de janeiro próximo, na cidade do Rio de Janeiro. Ali, num dos cartões postais da cultura brasileira, os Yawanawá da Aldeia Esperança farão apresentações na Fundação Progresso (Circo Voador) de canto, dança, expressão artística e manifestação cultural e espiritual, tudo envolto na magia da alegria e da concentração espiritual que caracteriza a pajelança do povo da queixada, que é o que significa Yawanawá na língua dos brancos.

Pela experiência que vivi na aldeia Nova Esperança em agosto deste ano, durante o VI Yawá, o povo carioca e os turistas do mundo inteiro que visitam primeiro no país a cidade do Cristo Redentor terão muito o que viver e apreciar na beleza dos cantos, das danças e das pinturas ancestrais deste povo indígena acreano. A apresentação do Yawá no Rio está sendo financiada pela Petrobrás e Fundação Banco do Brasil, por intermediação do senador Tião Viana (PT-AC), vice-presidente do Senado Federal.

Para os índios Yawanawá, o festival Yawá tem um significado simbólico profundo, pois o evento narra e celebra os mitos de criação, marca a retomada da cultura, a reconstrução de sua identidade cultural dos índios depois de mais de cem anos de intimidação do branco.

Sempre acompanhado do índio cineasta Joaquim Tashka, Yawanawá que se tornou amigo nos Estados Unidos dos atores Tom Cruise e Joaquim Fhoenix,o cacique Biraci Nixiwaká define precisamente o que significa o festival Yawá para o seu povo. "Com esse festival, queremos demonstrar aos brancos a solidariedade, o amor, a paz, a harmonia, o respeito e, sobretudo, a humildade. Queremos mostrar as coisas da criação, que é a natureza. Saber respeitar a floresta, os rios e o meio ambiente e dizer que é possível o ser humano viver junto com ele, sem agredi-lo. Nós, indígenas, vivemos há milhares de anos no mundo e nunca agredimos o nosso meio ambiente".

E Nixiwaká completa: "Nós éramos esquecidos. Nossa língua, cantos, espiritualidade, não somavam como o novo, o bonito, que esse Brasil tem. Hoje somos convidados como cidadãos para outros nos assistirem. Apresentaremos para mais de três mil pessoas, com cobertura da imprensa. Isso é também um incentivo para outras etnias preservarem sua cultura", comenta o cacique.

Apresentação também na ONU

Os Yawanawá não vão fisicamente, mas serão apresentados ao mundo inteiro em documentário a ser veiculado em abril de2008 na plenária geral da Organização das Nações Indígenas (ONU). Quem vai apresentar os Yawanawá nas Nações Unidas é o próprio autor do documentário, o ator de Hollywood, Joaquim Phoenix (o Imperador, do filme Gladiador”), que filmou belas imagens durante a visita que fez, em agosto do ano passado, à Aldeia Esperança, no rio Gregório.

Segundo o cineasta Joaquim Tahska, coordenador cultural de seu povo, o fato dos Yawanawá serem mostrado em evento da ONU é o reconhecimento de sua gente. "O documentário consegue passar uma imagem positiva, de como é possível o homem viver bem com o meio ambiente e nosso povo representa isso. Phoenix foi nos conhecer e muita coisa mudou em sua vida, ele também aprendeu com nossa gente", comenta.

Joaquim Tahska conta que Heart Phoenix, a mãe do ator Joaquim, é militante ambientalista e conhece as lideranças Yawanawa desde 2004, quando o documentário "Yawa - História do povo yawanawá", de sua autoria e do canadense Joshua Sage, foi lançado em São Francisco (EUA), com ajuda das verbas que a mãe do ator administra.

Tashka diz ainda que Joaquim Phoenix veio ao Acre em uma viagem discreta, apenas com o objetivo de conhecer os Yawanawa. E daí, a amizade entre eles foi selada, segundo a liderança indígena. Tahska também relata que em 2006 participou do Fórum Permanente dos Povos Indígenas, realizado pela ONU, que acontece anualmente de 20 a 25 de julho. Este ano, segundo o indígena, o convite foi novamente feito. "É uma forma de representar os povos indígenas da Amazônia, firmar nossa valorização", destaca Joaquim.

Antes deste, o índio Joaquim Tahska participa de outro evento internacional, em que será um dos palestrantes do Encontro Mundial de Negócios Sustentáveis, que acontece na Coréia do Sul, onde também está presente como palestrante o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esse encontro será transmitido para todo o mundo através da internet, com os preparativos e informações entre participantes e simpatizantes podendo serem conhecidos no site blobond.

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