VOLTAR

FESTA DA CARNAÚBA

O Povo-Fortaleza-CE
20 de Out de 2002

Índios reverenciam natureza e reafirmam tradição local

Uma festa para louvar a natureza e afirmar a cultura indígena. É a festa da Carnaúba, realizada pelos índios Tapeba de Caucaia. A árvore, marca da etnia, é considerada meio de subsistência local

Carnaúba, árvore fonte da vida para os índios Tapeba. As casas são levantadas com seu tronco. A palha cobre os telhados e faz as vestes. Dela é tirado o Tucum, fibra usada no artesanato. Além da cera da carnaúba, que é comercializada. Por tudo o que a árvore dá a tribo durante o ano, os índios agradecem com um festejo especial. É a Festa da Carnaúba, realizada ontem às margens da Lagoa dos Tapebas, em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza.

A festa, que acontece há três anos, é uma herança dos antepassados. Por algum tempo, a tradição do dia 20 de outubro caiu no esquecimento. ''Com o surgimento das escolas indígenas, foi revitalizada'', informa o coordenador das escolas indígenas Tapeba, Claudenildo Bento de Matos, o Nildo Tapeba.

Atualmente, além do agradecimento à árvore maior da aldeia, os índios incorporaram outros significados à celebração. ''Com a divulgação da festa, mostramos para o Brasil que no Nordeste, no Ceará, estamos vivos e fortes'', anuncia Nildo Tapeba. Ele também é presidente da Associação dos Professores Indígenas Tapeba (Apoint). A entidade promove o evento com apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai) e presença das tribos cearenses Pitaguary, Jenipapo-Kanindé e Tremembé.

A Festa da Carnaúba inicia às 20 horas com o ritual sagrado em reverencia a palha da árvore. Este ano, durante o ritual, foi feita uma homenagem ao Cacique Vítor Tapeba, falecido há mais de 50 anos. ''Ele foi um dos Tapebas que nunca negou a origem nem deixou a luta cair'', explica Nildo. Após o ritual, as pessoas que trabalham diretamente com a carnaúba falam sobre a importância da planta para a subsistência da tribo.

No resto da noite, os índios dançam o Toré e bebem o Mocororó, bebida alcoólica, fermentada do caju. Até ás cinco horas da manhã, dançam e contam histórias recentes e antigas. Para os índios, a realização da festa é sinal de fortalecimento. ''Mostramos que somos capazes de ter uma escola específica e diferenciada de qualidade, não só de quantidade'', acrescenta Nildo.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.