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Ferrovia impulsiona novos investimentos no Tocantins

Gazeta Mercantil-Centro Oeste-Brasília-DF
Autor: Ivonete P. Motta
09 de Out de 2002

Cientes de que a continuidade da construção da Ferrovia Norte/Sul vai incrementar a produção de grãos no Tocantins e nordeste de Mato Grosso, muitos investidores começam a executar seu plano de expansão, a fim de integrar-se ou atender esta demanda, a exemplo da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e da Multigrain Comércio, Exportação e Importação Ltda, com sede em São Paulo.

A CVRD, que opera com dois atracadouros no porto de Itaqui para carga geral, está construindo um píer exclusivo para minério, e deve triplicar a capacidade para a movimentação de grãos. A previsão é de que em setembro de 2003 o novo píer já esteja operando. De acordo com o analista de Comercialização e Mercado da companhia, Eduardo Calleia Junger, este ano devem ser embarcadas perto de 700 mil toneladas de soja, mas a previsão é de que no ano que vem chegue a 1,2 milhão de toneladas. Segundo Calleia, o porto hoje está dimensionado para atender a escala atual, mas está sendo preparado para atender o crescimento da produção.

O gerente geral do Corredor Norte da CVRD, Angelo Baptista, avalia que a continuidade das obras da Ferrovia Norte/Sul dentro do Tocantins vai fortalecer a produção de grãos não só no estado como também no nordeste de Mato Grosso, que este ano já exportou seis mil toneladas de grãos pelo porto de Itaqui. A própria Vale do Rio Doce está incentivando a produção naquela região por meio da implantação de um escritório de promoção agrícola em Vila Rica e outro em Marabá, no Pará. Os produtores do Tocantins são atendidos pelo escritório do Maranhão.

Cargas alternativas

Baptista diz que a conclusão da ponte ferroviária sobre o rio Tocantins, inaugurada recentemente pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, é estratégica para a continuidade das obras da ferrovia, pois o empreendimento dá condições imediatas de tráfego à medida em que trilhos avançam dentro do Tocantins. Além da exportação de soja Baptista lembra que existem ainda as cargas internas como combustível e fertilizantes, que poderiam sair de São Luís em direção à região Centro-Oeste.

Além do novo atracadouro, a Vale tem feito investimentos em material rodante, na melhoria do sistema de embarque e construção de novos silos, viabilizando o Corredor e Transportes Centro-Norte. Angelo Baptista observa ainda que outros parceiros da iniciativa privada estão investindo na complementação dessa logística, implantando armazéns, unidades para tratamento de grãos, financiando áreas de produção, construindo distribuidores de produtos, tanques para combustível e outros.

Aumento das exportações

Na lista desses investidores consta a Multigrain que está construindo um armazém no complexo portuário de São Luís, com capacidade para 50 mil toneladas. O presidente do grupo, Paulo Garcez, acredita que a partir de 2004, quando o novo píer da CVRD estiver pronto, somente a Multigrain vai exportar mais de 300 mil toneladas de soja por São Luís.

O grupo, que aportou na nova região de fronteira agrícola no ano passado, possui uma fazenda em Balsas (MA), onde produz soja, e está finalizando as negociações para aquisição de 20 mil hectares entre Campos Lindos e Goiatins, no Tocantins, numa área que ficará próxima à linha férrea. ´A região tem muito potencial, por isso vamos trazer gente e dinheiro´, anunciou Garcez. Ele acrescentou que a exemplo do que ocorreu no Maranhão deverá firmar parcerias com grupos como a SLC e Batavo para desenvolver um trabalho forte na região. Garcez pretende iniciar a produção ainda este ano, mas diz que a área será ocupada plenamente somente em 2004, coincidindo com a entrada em operação do novo atracadouro da Vale.

O empresário diz que a Ferrovia Norte/Sul e o porto marítimo de São Luís é que viabilizam os negócios na região, pois garantem o escoamento a preços razoáveis. ´A região tem um potencial imenso e um grande futuro, precisamos olhar para esse lado´, destacou.

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