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A FERA E A PANTERA - Joenia Wapixana, advogada do Conselho Indígena de Roraima, recebe em NY prêmio de direitos humanos

Carta Maior-São Paulo-SP
Autor: Verena Glass
30 de Abr de 2004

da Reebok das mãos da atriz Lucy Liu. Dois anos antes, ativista da Indonésia recusou a homenagem e acusou a multinacional de explorar empregados

Índia wapixana recebe prêmio de direitos humanos da Reebok

Joenia Wapixana, advogada do Conselho Indígena de Roraima, recebe em NY prêmio de direitos humanos da Reebok. Dois anos antes, ativista da Indonésia recusou homenagem e acusou empresa de explorar empregados.

A primeira mulher indígena a se formar em Direito no Brasil, a índia wapixana de Roraima Joenia Carvalho, de 30 anos, recebeu nesta quarta-feira (5), no Lincoln Center, em Nova Iorque, o prêmio Reebok de Diretos Humanos 2004, em reconhecimento ao seu trabalho em defesa dos direitos indígenas à terra e da luta contra a exploração de recursos pesqueiros e naturais por empresas estrangeiras na Amazônia. Advogada do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Joenia também se destacou na defesa dos direitos humanos dos povos indígenas do Estado.

Para a entrega do prêmio - que este ano homenageou, além de Joenia, a nigeriana Yinka Jegede-Ekpe, 25 anos, portadora do vírus HIV e ativista da luta de prevenção da doença entre mulheres de seu país, a advogada nova-iorquina Vanita Gupta, 29 anos, ativista dos direitos dos negros, e o afegão Ahmad Nadery, 28 anos, ex-preso político e atualmente um dos principais ativistas dos direitos humanos no Afeganistão -, a Reebok convidou alguns notáveis, como Caroline Kennedy (filha do ex-presidente John F. Kennedy) e as atrizes Jéssica Lange e Lucy Liu (uma das atrizes do filme de ação "As Panteras"), de cujas mãos Joenia recebeu a premiação.

Prêmio controverso

Indicada e agraciada pelo prêmio Reebok de Direitos Humanos de 2002, a sindicalista Dita Sari, 32 anos, presa política aos 26 por ter organizado uma série de greves por melhores salários e por democracia na Indonésia, recusou a homenagem à época. "Em 1995, eu fui presa e torturada pela polícia por ter liderado uma greve de 5 mil trabalhadores da Indoshoes Inti (fábrica de calçados). Pedíamos aumento de salário, já que se pagava apenas um dólar por um dia de oito horas de trabalho. Essa empresa atua em Java e produz calçados para a Reebok e a Adidas", acusa Sari, que ficou na prisão até 1999.

"Pensamos muito sobre esse prêmio, que, afinal, é um reconhecimento da nossa luta. Mas por outro lado estamos muito conscientes das condições de trabalho dos funcionários da Reebok em países de terceiro mundo, como a Indonésia, o México, a China e o Vietnam", afirma Sari. No documento em que oficializou sua recusa, ela explica que nas cinco empresas da Reebok na Indonésia, 80% dos funcionários são mulheres e recebem cerca de 1,5 dólar por dia, sendo obrigadas a morar em favelas perto do trabalho em condições extremamente precárias. "Ao mesmo tempo, a Reebok tem milhões de dólares de lucro todos os anos. Os baixos salários e a exploração dos trabalhadores na Indonésia, no México e no Vietnã são a principal razão para não aceitarmos este prêmio", disse a ativista

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