Federal prende 17 em terra indígena

A Polícia Federal prendeu ontem mais 17 invasores, que se encontravam ilegalmente em áreas indígenas - demarcadas e homologadas pelo Governo Federal. Segundo o chefe da equipe de fiscalização da Funai, Jorge Marafiga, os prisioneiros foram encaminhados para a Delegacia de Polícia de Monte Negro, onde foram registradas ocorrências e abertos inquéritos para apurar as responsabilidades dos envolvidos no ilícito.
A equipe de fiscalização da Funai está desde anteontem na reserva indígena dos Uru-Eu-Wau-Wau, onde chegou por volta das 14 horas. Quando chegamos, constatamos a falta do material de construção e ferramentas nesta barreira, observou Jorge Marafiga, ao destacar o apoio das Polícias Federal e Ambiental, que estão colaborando na desintrusão das áreas invadidas.
Essa é a segunda prisão de invasores em menos de uma semana. Isto porque, no sábado (11) e domingo (12), oito pessoas, flagradas caçando e pescando ilegalmente na área indígena dos Uru-Eu-Wau-Wau, foram presas, amarradas e mantidas em cárcere privado, na aldeia do Jamari. Segundo Ivaneide Bandeira, da Associação de Defesa Etno-Ambiental (Kanindé), até anteontem os invasores estavam sendo alimentados, enquanto os índios aguardavam a presença da Polícia Federal. Caso contrário, nem mesmo a Funai sabe o que poderá acontecer com os homens brancos, já que os sílvicolas decidiram fazer justiça com as próprias mãos.
Nelcy Ferreira, Osvaldo dos Santos, Manoel Ferreira da Silva, Nelson Ferreira de Jesus, Robson Pietrane, Hilário Lopes Filho, Gecirio Rodrigues da Silva e Ademar Ferreira da Silva temem ser mortos pelos índios, pois os Uru-Eu-Wau-Wau se mostram irredutíveis e intransigentes nas negociações para a liberação dos presos. Com os invasores, os indígenas apreenderam seis espingardas - de grosso calibre —, malhadeiras e caixas de isopor com gelo - provavelmente, para o acondicionamento dos animais capturados e mortos.
Quando foram presos, os invasores já haviam mortos jacarés e outros animais silvestres. Segundo fontes da Kanindé, os índios disseram que resolveram fazer justiça com as próprias mãos, porque estão cansados de esperar que a Justiça retire os invasores de suas terras. Isto porque, se alguém invade a terra de qualquer autoridade ou de uma pessoa (latifundiário, por exemplo) que tem dinheiro, rapidamente é feita a retirada dos invasores. Já no caso da terra indígena, há anos os índios vêm lutando para que sejam retirados os invasores de suas terras e nada tem sido feito.
Como frisa Ivaneide Bandeira, embora a Fundação Nacional do Índio (Funai) venha fazendo inúmeras operações de fiscalização em terras indígenas, os invasores se sentem impunes, pois logo que a equipe de fiscalização sai da área eles voltam a invadir. Diante da situação, os Uru-Eu-Wau-Wau informaram que decidiram eles mesmos expulsarem os invasores, já que a lei dos homens brancos não funciona.
De acordo com indigenistas da região, os Uru-Eu-Wau-Wau são considerados índios guerreiros, que lutam pela defesa de suas terras, e por serem contra a venda de madeira e exploração de garimpo em terras indígenas. Essa não é a primeira vez que eles prendem invasores. Os índios constantemente prendem invasores e apreendem armas, mas os inquéritos nunca são concluídos, diz uma fonte da Kanindé