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FBI chega ao Para e comeca a investigar morte de freira

O Globo, O Pais, p.10
26 de Fev de 2005

FBI Chega ao Pará e Começa a Investigar Morte de Freira
Três agentes estão em Altamira e já visitaram suspeitos do crime. Adido da polícia americana elogia investigação
Altamira (PA) e Brasília. O governo americano decidiu acompanhar de perto as investigações da polícia brasileira sobre a morte da missionária Dorothy Stang. Por se tratar de uma cidadã americana, o FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, enviou ao Pará três agentes. Eles chegaram ontem a Altamira e reuniram-se com os delegados das polícias Civil e Federal que investigam o caso.Os agentes americanos também estiveram no Centro de Recuperação Regional de Altamira (PA), onde estão presos os três envolvidos na morte da freira. O adido substituto do FBI no Brasil, Richard Cavalieros, elogiou a investigação, mas disse que os americanos querem ajudar:— Viemos acompanhar as excelentes investigações. Estamos bem impressionados.Bastos diz que investigação vai até o fimO ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou ontem que a polícia aprofundará as investigações até o limite para identificar e prender todas as pessoas acusadas de participação no crime. Segundo o ministro, dessa vez as investigações não vão ser encerradas antes da hora, como teria ocorrido no caso Chico Mendes, na década de 90. Para Bastos, essa determinação de esgotar as investigações parte do um novo modelo de segurança pública no país.— Não se vai fazer como no caso de Chico Mendes, que, depois da descoberta de algumas pessoas que participaram do crime, encerrou-se a investigação. Agora não, nós vamos até o fim, de modo que todas as pessoas que cometeram o crime serão punidas — disse o ministro, ao discursar na solenidade de formatura da 10ª turma da Força Nacional de Segurança, na Academia Nacional de Polícia. O ministro disse ainda que a investigação vai se concentrar especialmente na busca aos cúmplices do fazendeiro Vitalmiro de Moura, o Bida, apontado como um dos mandantes do crime. Ontem, a polícia divulgou um novo retrato-falado de Bida.Os americanos se mostraram disponíveis para ajudar na investigação, mas, para isso, precisa haver a solicitação do governo brasileiro. Cavalieros afirmou que a viagem dos agentes americanos ao Pará foi possível após acordo da Embaixada dos Estados Unidos com autoridades brasileiras. O adido afirmou que, se for acionado, o FBI poderá ajudar na área técnica, de perícia e criminalística. Cavalieros disse que o embaixador americano, John Danilovich, está acompanhado o caso.— O embaixador tem grande vontade que o crime seja solucionado e a situação resolvida. Se trata de uma cidadã americana de grande importância e que fazia uma grande obra para o povo que ela trabalhava — disse Richard Cavalieros. Delegado da PF acompanhou agente em visita a presídioO agente foi até o presídio acompanhado de uma equipe da Polícia Federal e do delegado Ualame Fialho Machado, que preside o inquérito da PF. Outro agente americano, Oscar Montoto, do FBI de Miami, também visitou os presos. — Viemos ver as pessoas. Fazer um contato direto. O Ministério da Justiça informou que 50 policiais rodoviários federais serão enviados ao Pará nos próximos dias. Os policiais deverão reforçar a fiscalização nas rodovias federais do estado, principalmente nas regiões de conflito agrário. O ministério também vai mandar para o estado 400 homens da Força Nacional. Eles vão substituir as tropas do Exército que já estão na região. Mas, segundo Bastos, essa troca vai demorar um pouco. Por enquanto, o Exército deverá permanecer reforçando a segurança pública no estado. O Comando do Exército divulgou nota ontem garantindo que os recursos para a manutenção da tropa no Oeste do Pará serão liberados pelo governo. A nota é uma resposta às declarações do comandante militar da Amazônia, general Cláudio Barbosa de Figueiredo. Anteontem, ele afirmara que a presença dos militares na região poderia ser interrompida caso não houvesse imediato repasse de verbas para cobrir o custo da operação. O Centro de Comunicação Social do Exército diz, na nota, que, como em outras ocasiões, por determinação do presidente da República, o "Exército inicia as operações e levanta custos, que são provisionados pelo governo federal, respondendo, assim, às demandas do país". Lula é chamado no texto de comandante supremo das Forças Armadas. Na nota, Exército garante operações no ParáO Exército assegura que as operações, ao contrário do que afirmou o comandante da Amazônia, não serão suspensas. "Os recursos necessários estão sendo provisionados e não haverá solução de continuidade nesse processo".

O Globo, 26/02/2005, p.10

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