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Fazendeiros trocam os EUA pelo Brasil

OESP, Economia, p.B9
24 de Mai de 2005

Fazendeiros trocam os EUA pelo Brasil
Mais americanos descobrem o potencial da agricultura brasileira e compram fazendas no País
Dan Chapman Cox News Service PETROVINA, MT
Vistas de um avião da Embraer, paisagens do cerrado dão lugar a milharais com 3 metros de altura e a vastas plantações de algodão. É o país das maravilhas para o agricultor, onde o solo fértil pode ser adquirido por menos de US$ 200 o acre (2,47 hectares) e uma área do tamanho do Estado de Maryland é desbravada todos os anos para plantar algodão, milho, soja e criar gado.
A agricultura está num surto de crescimento no Brasil e os agricultores americanos estão prestando atenção. Fustigados pelos altos custos de produção, preços baixos e pela Organização Mundial do Comércio (OMC), cada vez mais os americanos procuram os baixos custos e baixos salários do Brasil. Nos últimos dois anos, centenas de agricultores americanos visitaram Mato Grosso, Paraná e Bahia. Alguns gastaram milhões com terras e equipamentos e se tornaram agricultores no Brasil.
Outros puseram dinheiro em grupos de investimentos administrados nos Estados Unidos. Por US$ 25 mil, um investidor pode ser dono de uma fazenda de milho, algodão e soja no Oeste da Bahia com 5.250 hectares, que promete um retorno mínimo de 15% sobre o investimento.
Praticamente todos os agricultores americanos de commodities temem a revolução agrícola brasileira, que ameaça esvaziar a agricultura doméstica como os asiáticos acabaram com a manufatura. "Vejo a agricultura sendo tomada de nós pelo Brasil. É muito assustador", diz o produtor de algodão e amendoim Don Wood, da Geórgia, que esteve no Brasil em janeiro. "Podemos continuar fazendo o que estamos fazendo por mais dois anos. Mas depois disso, parece que iremos parar de plantar algodão. Não há como competir com os caras de lá."
O Brasil, a segunda maior potência agrícola do mundo, poderá tirar o lugar dos EUA como o maior produtor mundial dentro de uma década, segundo a ONU.
O quinto maior país do mundo poderá transformar mais 170 milhões de hectares em lavouras, segundo o Departamento de Agricultura americano. Os EUA têm 100 milhões de hectares de terra cultivada.
O Brasil já é o maior exportador mundial de café, carne bovina, açúcar, etanol, tabaco, carne de frango e suco de laranja. Nos próximos anos, provavelmente ultrapassará os EUA como o rei mundial da soja. A agricultura responde por 40% das exportações brasileiras, no valor de US$ 210 bilhões ao ano.
"Em casa, olhando para seus 32 hectares, você não consegue imaginar como é ver as máquinas plantando até o horizonte", diz Matthews Kruse, agricultor de Iowa, que ajuda a administrar uma fazenda financiada por investidores no Brasil. "Definitivamente, há grandes oportunidades aqui que você não encontrará mais nos EUA. Você precisa vir aqui e ver com o vai se confrontar."
Kruse, que trabalha numa das 14 fazendas americanas no oeste da Bahia, começou a colher 3 mil hectares de algodão na semana passada. As colheitas de soja (1.500 hectares) e de milho (800 hectares) estão em andamento.
A Brazil Iowa Farms, empresa de propriedade de investidores da sua família, planeja dobrar o número de hectares cultivados na próxima estação. O algodão será o rei da safra. Com uma boa razão. Em quinto lugar na lista dos maiores exportadores do produto, o Brasil está subindo rapidamente. O Brasil foi vitorioso quando acionou os EUA na OMC por causa dos subsídios.
Washington distribui US$ 3 bilhões para ajudar o mercado americano de algodão no exterior, subsídio considerado ilegal pela OMC. O Brasil argumenta que sem os subsídios as exportações dos EUA cairão 41% e os preços do algodão subirão 12,6%.
"Os brasileiros não estão competindo contra os agricultores americanos ou europeus. Estamos competindo com o poderio financeiro", disse o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. "Os agricultores americanos terão de procurar outra coisa. Acreditamos firmemente no livre comércio e no comércio imparcial na agricultura, porque isso nos dá um futuro brilhante."

FSP, 24/05/2005, p. B9

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