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Fazendeiro é condenado no caso Dorothy

FSP, Poder2, p. 11
21 de Set de 2013

Fazendeiro é condenado no caso Dorothy
Bida recebeu pena de 30 anos de prisão por ter encomendado assassinato de missionária norte-americana em 2005
Julgamento, realizado em Belém anteontem, foi o quarto enfrentado pelo réu, que nega envolvimento na morte

DE SÃO PAULO

O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, conhecido como Bida, foi condenado a 30 anos de prisão por ter mandado matar a missionária norte-americana Dorothy Stang, em 2005. O advogado do réu disse que vai recorrer da decisão.
O julgamento, que terminou no final da noite de anteontem em Belém, foi o quarto enfrentado por Bida pela mesma acusação. Ele já havia sido absolvido uma vez e condenado duas vezes.
No último, em 2010, Bida também recebeu pena de 30 anos de prisão, mas o STF (Supremo Tribunal Federal) anulou o julgamento em maio deste ano, por entender que a defesa do fazendeiro havia sido cerceada.
Bida era dono de um lote de terra em Anapu (a 766 km de Belém), no qual Dorothy queria criar um assentamento rural.
Segundo a sentença do juiz, Bida articulou a morte de Dotothy de "forma fria, covarde e premeditada" e colocou questões patrimoniais e territoriais acima da vida da missionária.
Além de Bida, outras quatro pessoas são acusadas de participar do crime. Regivaldo Galvão, o Taradão, também foi condenado como mandante, mas foi solto por um habeas corpus em 2012.
Rayfran das Neves Sales e Clodoaldo Carlos Batista foram condenados, respectivamente, como autor e coautor do homicídio. Amair Feijoli, o Tato, foi acusado de ser o intermediário entre os executores e os mandantes.
No julgamento de anteontem, Bida negou ter encomendado o assassinato da missionária por R$ 50 mil, como afirma o Ministério Público. O fazendeiro disse também ter se surpreendido com a confissão de Rayfran, registrada em depoimento à polícia anteriormente.
O advogado de defesa, Arnaldo Lopes de Paula, disse que vai entrar até terça-feira com uma apelação no Tribunal de Justiça para pedir a anulação do júri. "Nós vamos para o quinto julgamento", disse.
Segundo ele, a Promotoria usou, "de maneira ardilosa", uma versão editada e parcial de um documentário sobre o caso, com dois minutos de duração.
"Eles [Ministério Público] vinham perdendo até usarem o vídeo. Os jurados foram manipulados pela edição", disse o advogado.
Rayfran também depôs anteontem e inocentou Bida. Ele disse ter sido coagido pela polícia à época do crime para apontá-lo como mandante.
O CRIME
Dorothy foi assassinada aos 73 anos, com seis tiros disparados à queima-roupa numa estrada de terra de Anapu. O crime, de repercussão internacional, foi motivado por disputa de terras, segundo a Promotoria.
O coordenador da Comissão Pastoral da Terra no Pará, padre Paulo Joanil da Silva, disse que a condenação era esperada e "desmascara as manobras da defesa" de Bida, que levaram a um novo julgamento.

Relembre o caso - Crime se deu em 2005

QUEM ERA
A missionária Dorothy Stang liderava projeto de agricul-tura familiar em Anapu (PA)
O CRIME
Em 12.fev.05 ela foi morta com 6 tiros a mando de fazen-deiros que queriam a área
CONDENADOS
Regivaldo Pereira Galvão
Mandante
Pena: 30 anos
Condenado em 2010. Está preso em regime fechado
Vitalmiro Moura (Bida)
Mandante
Pena: 30 anos
Condenado em 2013
Rayfran das Neves Sales
Autor do crime
Pena: 27 anos
Condenado em 2005. Está em prisão domiciliar
Clodoaldo Carlos Batista
Coautor do crime
Pena: 17 anos
Condenado em 2005, foragido
Amair Feijoli da Cunha
Intermediário
Pena: 18 anos
Condenado em 2006. Está em prisão domiciliar

FSP, 21/09/2013, Poder2, p. 11

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/130056-fazendeiro-e-condenado-no…
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/130055-relembre-o-caso-crime-se-…

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