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Farc protegiam refinaria de cocaína na fronteira

OESP, Nacional, p. A13
24 de Mar de 2004

Farc protegiam refinaria de cocaína na fronteira
Laboratórios podiam produzir cerca de uma tonelada de pó básico por semana

ROBERTO GODOY

Uma força especial do Exército da Colômbia destruiu há dez dias uma refinaria de cocaína a pouco menos de 120 quilômetros da fronteira com o Brasil, à margem do rio Vaupés.
Os laboratórios, protegidos pelos guerrilheiros da Frente 21 das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), podiam produzir cerca de uma tonelada de pó básico por semana.
A droga era trocada com armas e munições transportadas em vôos clandestinos que saíam do Brasil, pousavam em pistas improvisadas em Barrancomina e Guainia para depois seguir rumo ao Suriname. Sem poder escapar dos radares do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) os pilotos dos aviões intrusos cobriam a longa rota ziguezagueando entre os limites aéreos do Brasil e da Colômbia.
Os serviços de inteligência do Comando Militar da Amazônia (CMA), em Manaus, foram informado na mesma noite pelas agências colombianas. Entre os documentos encontrados no local havia registros minuciosos de algumas das cargas. Uma delas, do dia 11 de fevereiro, era composta por fardas "padrão de selva", botas de campanha, kits de ferramentas e computadores de uso militar. De acordo com as anotações, todo esse material seria fabricado nos Estados Unidos.
Uma semana depois, 50 fardas completas do Exército brasileiro eram esperadas em Guainia. O lote seria trocado por 3 quilos de droga. Fuzis russos AK-47, munições diversas e 36 foguetes de 70 milímetros - todas as peças com marcas das forças armadas da Líbia - chegariam a São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, e seguiram de barco rumo a um acampamento das Farc no domingo. O lançamento mais antigo indica que em outubro de 2003, um bimotor registrado no Paraguai foi recebido em Barrancomina para entregar cerca de 100 fuzis americanos AR-15 e 20 pistolas 9mm Beretta, italianas, mais munição. Como pagamento pelo pacote, teriam sido entregues 200 quilos de cocaína.
Segundo o porta-voz da operação realizada do dia 14, coronel Antonio Espejo, "as instalações e os equipamentos encontrados à margem do Vaupés são muito sofisticados, bem preparados para funcionar na selva".
Para dois oficiais da área de inteligência do Comando da Aeronáutica, o episódio "compõe a rotina da defesa da Amazônia: há missões armadas acontecendo todos os dias - em silêncio oficial".

OESP, 24/03/2004, Nacional, p. A13

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