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Famílias vão à Justiça pedir área de volta

O Paraná https://www.oparana.com.br/
Autor: Juliet Manfrin
19 de Jun de 2018

Nova Laranjeiras - As 300 famílias que tiveram suas áreas demarcadas na região de Nova Laranjeiras para a aldeia Rio das Cobras foram à Justiça Federal, na Comarca de Guarapuava, pedir um interdito proibitório de modo que possam reaver suas áreas, ocupadas por índios desde 1978.

A justificativa para o pedido judicial que aguarda despacho está baseada no fato de a União nunca ter indenizado as famílias pela desapropriação dos 19.406 hectares, orçada em mais de meio bilhão de reais e onde vivem 535 famílias, totalizando 2.676 indígenas.

Segundo o representante dos agricultores atingidos com a demarcação, o agente operacional Leomar Cruz, a briga jurídica travada nessas quatro décadas foi vencida parcialmente por apenas duas famílias. "Elas tinham mais recursos e foram à Justiça pedir o pagamento, mesmo assim receberam só parte da indenização", conta.

Agora o grupo tenta cobrar da União a reparação pelos danos. "Além das terras de volta, pedimos indenização pelas perdas que tivemos durante esse período. Já existem casos em que a Justiça teve esse entendimento, como aconteceu em outra área indígena também em Nova Laranjeiras. Do outro lado, a Funai alega que não tem dinheiro para pagar as desapropriações", relata.

Segundo Leomar, cuja família teve 11 alqueires demarcados, nem a promessa da compensação das terras, com a substituição de espaços em outros locais, foi cumprida até hoje. "Primeiro disseram que cederiam áreas em Peixoto de Azevedo [Mato Grosso], depois em Pinhão [Paraná], mas até agora nada. Ficamos sem a área e sem o dinheiro. Tenho viajado com frequência a Brasília e tenho todos os documentos em mãos", completa o agente operacional.

Para Leomar, essa situação serve como um grande alerta para o impasse enfrentado por produtores rurais e indígenas nas regiões de Guaíra e de Terra Roxa. "Quem garante que lá não vai acontecer a mesma coisa?"

Nesses dois municípios, a demarcação que está em curso pode chegar a 33 mil hectares de áreas reivindicadas por indígenas onde as desapropriações somariam mais de R$ 2,2 bilhões.

A Funai foi procurada para comentar sobre os problemas relacionados à demarcação da Aldeia Rio das Cobras, mas não houve retorno.

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