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Famílias Guarani Kaiowá serão despejadas amanhã no Mato Grosso do Sul

Cimi - http://www.cimi.org.br
10 de Set de 2009

Até amanhã (11/9), os cerca de 130 Guarani Kaiowá da aldeia Laranjeira Nhanderu, no município de Rio Brilhante, Mato Grosso do Sul, devem deixar o pedaço da terra tradicional do povo onde vivem há quase dois anos. Eles não têm para onde ir. Os guarani, incluindo 60 crianças e adolescentes, ficarão acampados à beira da BR-163 em frente à terra de onde serão despejados. Nos últimos meses, duas crianças morreram e três jovens se suicidaram nessa aldeia.

O fazendeiro vizinho à terra retomada manteve fechada a porteira que dá acesso à aldeia. Por isso, as crianças precisavam caminhar 4km até a BR-163, onde o ônibus escolar parava, pois era impedido de entrar na área. O fazendeiro também impediu por diversas vezes a entrada da equipe da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), que atenderia pessoas doentes. As cestas básicas fornecidas pela Fundação Nacional do Índio (Funai) precisavam ser entregues por cima da cerca à beira da estrada, pois os funcionários da Funai eram impedidos de ir até a aldeia. Em função dessas e outras privações, duas crianças morreram e três jovens se suicidaram nos últimos meses na aldeia.

Representantes de movimentos sociais e indígenas de outras aldeias farão um ato, amanhã pela manhã, durante a saída das famílias. Eles protestarão contra a demora na demarcação das terras Guarani Kaiowá.

As 36 famílias da comunidade Laranjeira Ñanderu formarão o vigésimo acampamento de indígenas no Mato Grosso do Sul. Esse grupo Guarani Kaiowá retomou suas terras no final de 2007, após passar quase dois anos acampados à beira de uma estrada. Antes disso, eles haviam sido expulsos, por jagunços, de outra área que também é território tradicional do povo.

Processo judicial

A ordem para a reintegração de posse da área ocupada pelos indígenas foi dada pela Justiça Federal de Dourados. A Funai e o Ministério Público Federal (MPF-MS) recorreram ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3). No dia 26 de maio, a Desembargadora Federal e Presidente do TRF3, Marli Ferreira, suspendeu a ordem de reintegração e deu 90 dias para a comunidade permanecer na área. Nesse período, a Fundação Nacional do Índio (Funai) deveria realizar estudos para identificar se a área ocupada é território tradicional Guarani. Porém, os estudos não ocorreram. Além do clima de perseguição aos antropólogos da Funai que persiste no sul do Mato Grosso do Sul, uma decisão liminar do próprio TRF3o suspendeu os estudos dos Grupos de Trabalho de identificação de terras indígenas.

(Informações Cimi -MS)

http://www.cimi.org.br/?system=news&action=read&id=4117&eid=274

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