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Família de índio morto teme pela segurança

O Povo-Fortaleza-CE
09 de Abr de 2003

A família do índio José Vilamar de Sousa, 28, morto no último dia 19 de janeiro em Almofala, distrito de Itarema, a 276 quilômetros de Fortaleza, está apreensiva com a presença dos familiares do rapaz acusado de matar Vilamar, que continuam morando nas terras dos Tremembés. M.A., 17 anos, teria matado o índio com golpes de faca, após uma briga por motivo fútil. Segundo a mãe de Vilamar, Maria José Santos Souza, 67, M.A. foi apreendido logo depois do crime, mas está em liberdade há uma semana. A Procuradoria Geral da República já encaminhou ofício à Fundação Nacional do Índio (Funai) para que seja garantida de forma pacífica para a retirada da família de M.A. de Almofala.

O POVO não conseguiu contato com a família de M.A. ou seu advogado. Segundo Maria Amélia Leite, secretária geral da Associação Missão Tremembé, as terras onde mora a família de José Vilamar é dividida entre brancos e índios. São quase 350 famílias na aldeia Tremembé, 120 delas assumindo a condição de índio. ''As outras famílias temem perseguição de políticos e comerciantes do local, devido a luta pela demarcação das terras que já dura desde 1986'', diz Maria Amélia.

''Disseram que eles tinham brigado depois que o M.A. começou a chamá-lo de índio, como um xingamento. Ninguém sabe bem porque foi a briga, só que ele matou meu filho e já ameaçou outros vários índios da região'', diz Maria José Souza. A informação conseguida pelo O POVO era de que M.A. estava aguardando julgamento em uma casa de abrigo para adolescentes infratores em Fortaleza, mas a mãe de Vilamar afirma ter visto M.A. no último dia 25 em Almofala.

Temendo pela segurança dos demais índios, Maria José Souza esteve em audiência com o procurador da república Márcio Torres. Segundo o procurador o crime não foi causado por motivos indígenas como acredita a família, mas após uma briga fútil. Por não se caracterizar como crime de natureza coletiva dos Tremembé ou de direito indígena, o Ministério Público Federal não poderá atuar no caso. ''Mas a permanência daquela família no meio dos índios é um fator de risco, por isso já enviei ofício à Funai, para identificar a forma de retirar a família de uma forma pacífica'', diz Márcio Torres.

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