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Familia cobra da Justica

CB, Brasil, p.14
24 de Set de 2005

David Stang volta ao Pará, sete meses após assassinato da missionária, para pedir agilidade no julgamento e continuidade nas investigações
Família cobra da Justiça
Na segunda visita ao Brasil após o assassinato da sua irmã, a missionária norte-americana Dorothy Stang, David Stang iniciou ontem a série de reuniões com autoridades brasileiras para pressionar o judiciário pela punição rápida dos culpados e federalização do crime. 0 primeiro encontro de David foi com o presidente do Tribunal de Justiça do Pará, desembargador Milton Nobre. Segundo o advogado Darci Figo, coordenador da organização não-governamental Terra de Direitos e um dos integrantes da equipe de acusação, "Nobre se comprometeu a julgar os recursos dos executores e mandantes do assassinato até o final de outubro, e demonstrou interesse em não desmembrar os processos".
Figo lembrou que "quanto mais rapidamente esses recursos forem julgados, mais rápida será a marcação do júri e a punição dos assassinos." Dorothy Stang foi assassinada em fevereiro deste ano a mando de fazendeiros e madeireiros incomodados com o apoio da missionária aos pequenos produtores rurais na região de Anapu, no Pará. Estão presos dois executores, um intermediário e dois mandantes do crime.
Em diversas ações, eles tentam contrariar a sentença do juiz de Pacajá, Lucas do Carmo, que determinou o julgamento em júri' popular. A família da irmã reivindica que o júri ocorra em Belém para evitar conflitos na região.
Além dos encontros com autoridades judiciárias do Pará, David vem a Brasília, na segunda-feira, para reivindicar, no Superior Tribunal de Justiça (STF), a federalização do crime e atenção especial para os possíveis recursos dos acusados pelo crime.
0 irmão da missionária também tem encontro com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, a quem pedirá a continuidade das investigações da Polícia Federal em busca de outros mandantes. "0 irmão da Dorothy quer participação da PF na segurança dos funcionários do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) que atuam na região de Anapu", adiantou Figo.
A extensa agenda de David deve incluir ainda um encontro com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, e o presidente do Incra, Rolf Hackbart. "É bem-vinda a visita dos familiares de Dorothy, para que eles entendam como funciona o trabalho do governo federal no Pará contra a grilagem, pela regularização fundiária e a favor da reforma agrária, afirma Rolf. De acordo com ele, após o assassinato da missionária, o Incra emitiu títulos de posse de 63 mil hectares de terra em Anapu; foram liberados R$ 680 mil para crédito de habitação, que beneficiaram 92 famílias; e em assistência técnica, o governo federal investiu cerca de R$ 466 mil.

CB, 24/09/2005, p. 14

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