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Faltam bancos e livros para crianças

A Crítica-Manaus-AM
27 de Nov de 2001

Na escola improvisada, tem um pequeno quadro verde, bancos de madeira, poucas mesas e muita vontade de aprender e ensinar. "Temos que começar do zero, mas todos os dias fazemos um pouco", disse o professor Jeremias Capote Barbosa, dedicado a ensinar a 17 crianças que não sabem ler e nem escrever na língua portuguesa e nem falam quase nenhuma palavra no idioma sateré.

A alfabetização no idioma nativo é um desafio que Jeremias vai vencendo com esforço pessoal. Depois de ganhar uns cadernos doados pela Seduc, o professor vai ensinando o alfabeto sateré às crianças e também aos adultos interessados no assunto. Estes estudam à noite. As cartilhas são poucas e bastante usadas.

Mesmo sem ganhar um centavo pela tarefa, ele não desiste e anima-se com a possibilidade de fazer o curso em Barreirinha. "Vou voltar melhor preparado e vou ajudar mais meus parentes", disse Jeremias, usando o adjetivo dos índios para referir-se aos semelhantes. Na aldeia sateré, segundo Jeremias, os estudantes não passam da 5ª série, por isso não têm perspectiva e querem sair para morar na cidade. "As crianças querem continuar a estudar, fazer o ensino médio, que não tem lá", disse Jeremias.

Para o professor, que aprendeu a falar português com os padres e missionários, ensinar as crianças dá uma grande alegria. "Eu ensino os nomes dos animais, das plantas e das coisas em sateré", revela. Francimara Cardoso Miquiles, 12, é uma das alunas da classe de Jeremias. Ela desconhece idiomas dos brancos e dos índios, por isso esforça-se no aprendizado. "Eu quero aprender", afirma, convicta. A colega e vizinha, Taís Souza Pereira, 6, também desconhece as letras, mas gosta de estudar. "A escola é boa", diz ela, sorridente.

Wendel Leocádio, 7, não sabe ler, mas conhece as vogais e pode repeti-las a quem perguntar. "Ele gosta de estudar", explica a mãe, Marli de Souza Leocádio, que na aldeia do Andirá cursou até a 6ª série, mas depois não conseguiu continuar. "Lá não tinha mais cursos", disse ela, na esperança da comunidade conseguir a construção de uma escola para as crianças. "Eles poderão ter o estudo que não tivemos", afirma.

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