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Falta de gás põe em risco uso de usinas térmicas

OESP, Economia, p. B3
24 de Out de 2006

Falta de gás põe em risco uso de usinas térmicas
Em setembro, ONS solicitou que 13 delas entrassem em operação, mas apenas 8 foram realmente ligadas

Nicola Pamplona

A confiabilidade das usinas térmicas foi posta à prova no início de setembro, quando o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) solicitou a operação de 13 usinas, mas apenas oito foram efetivamente ligadas. Conforme o Estado revelou à época, as outras cinco estavam indisponíveis por falta de gás natural. Segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de 5,3 mil megawatts (MW) demandados, só 1 mil MW foram entregues.

A Petrobrás, que fornece gás natural às termelétricas, alega que tinha problemas técnicos para entregar o combustível a algumas usinas, situação que se comprometeu a resolver até o final do ano. De fato, no planejamento mensal da operação de outubro, o ONS determina o despacho nas usinas Norte-Fluminense e Ibirité, na região Sudeste, e não há restrições para a operação das turbinas.

A estatal, no entanto, reconhece que tem apenas 12 milhões de metros cúbicos de gás por dia contratados junto ao setor elétrico. Este volume, segundo estimativas do mercado, é suficiente para gerar 2,4 mil MW, menos da metade das necessidades da primeira semana de setembro. Para o coordenador do programa de planejamento energético da Coppe/UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa, a Petrobrás não poderia mesmo ter gás para todas as usinas, já que parte delas não tem contrato de venda de energia para este ano.

Em setembro, o ONS foi obrigado a despachar usinas mais caras, como a térmica de Santa Cruz, no Rio, movida a óleo, com um custo de R$ 293,62 por megawatt-hora (MWh). Em Minas Gerais, o operador ligou a usina de Igarapé, também a óleo, a um custo de R$ 460,93 por MWh, já que a usina de Ibirité não estava disponível. A operação de Igarapé, diz relatório da Aneel, custou R$ 22 milhões ao sistema elétrico nacional.

As chuvas das últimas semanas devem amenizar a crise, apontam especialistas, uma vez que as térmicas devem operar nos próximos meses apenas por razões de estabilidade do sistema elétrico. Mas a Aneel pretende saber com que blocos de energia o País poderá contar na hora em que for necessário. Após a audiência pública de sexta-feira, o assunto deverá ser apreciado em reunião interna na semana que vem antes de decisão final.

OESP, 24/10/2006, Economia, p. B3

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