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Falta de estrutura afeta educação indígena

Agência Brasil
Autor: Raquel Ferreira
20 de Abr de 2007

Carência de escolas com estrutura adequada, formação deficiente de professores e falta de material didático específico aos grupos étnicos. Esses são alguns dos problemas da educação indígena no Brasil apontados por um levantamento divulgado esta semana pelo Ministério da Educação (MEC).

Elaborada com base nos Censos Escolares de 1999 e de 2005, a pesquisa do MEC, intitulada Estatísticas sobre Educação Escolar Indígena no Brasil, mostra que o principal desafio em relação à educação dessas etnias não diz respeito em ampliar a quantidade de escolas. Apenas dois estados, Piauí e Rio Grande do Norte, não contam com escolas indígenas. De acordo com o estudo, o maior problema está nas condições do ensino a essa parcela da população.

Segundo o estudo, existem no Brasil 2.323 escolas em terras indígenas criadas somente para atender essas comunidades. Mesmo assim, muitas funcionam de forma precária. Cerca de 34,2% funcionam em diferentes prédios e às vezes em mais de deles: 533 em galpões, 135 nas casas dos professores, 36 em templos ou igrejas, 14 em outras escolas e 237 em locais não especificados.

De acordo como levantamento, embora tenha havido investimentos financeiros do MEC nessas escolas nos últimos anos, ainda há muito por fazer para melhorar a estrutura física das unidades de ensino. "O percentual de escolas sem funcionamento e que não possuem prédio próprio é muito alto e revela a precariedade das condições em que o ensino é oferecido nas aldeias", analisa a pesquisa

A situação pode ser ainda pior quando se observa a existência de energia elétrica, água e esgoto. Das mais de duas mil escolas, a grande maioria, 1.175, não conta com nenhuma forma de abastecimento de energia. Em relação à água, 1.281 são abastecidas com água de rio ou igarapé e 19 não tem nenhuma forma de abastecimento de água. Além disso, 1.107 escolas não têm mecanismo de escoamento de esgoto.

As carências, mostra o levantamento, não ocorrem apenas em relação às condições físicas. Do ponto de vista pedagógico, a pesquisa também aponta a necessidade de investimentos em estruturas complementares de ensino. Somente 23 escolas têm laboratórios de informática, três contam com laboratório de ciências, 55 têm quadra de esportes e 85 oferecem biblioteca aos alunos.

"Esses números revelam que a inclusão das escolas indígenas nos sistemas de ensino não significou uma melhoria nas condições de ensino destas escolas e colocam como um desafio a ser enfrentado a expansão dos benefícios dos programas governamentais para esses estabelecimentos", destaca o texto do levantamento.

As escolas indígenas têm organização escolar própria e o ensino é ministrado em língua materna. Em muitos casos, o português, mas também em línguas indígenas, 78,3% das escolas. A pesquisa aponta ainda que 8,6% das escolas, ou seja, 199 escolas indígenas informaram que o ensino é ministrado somente em língua indígena.

Coordenador de Educação Indígena da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC, Kléber Matos reconhece que o investimento em melhorias nas edificações das escolas é um dos principais desafios do ministério. "A maioria das escolas já começa a funcionar em condições improvisadas, o que resulta na precariedade das instalações", explica. "Além disso, o crescimento na população indígena nos últimos anos tem contribuído para aumentar a concentração de alunos nas salas de aula."

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