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Extrativistas conhecem sistemas agroflorestais

News Cuiabá - http://www.newscuiaba.com.br/
Autor: André Alves
06 de Out de 2011

Extrativistas da Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt, única de Mato Grosso, localizada na região Noroeste, participaram na semana passada de um intercâmbio sobre Sistemas Agroflorestais (SAF). No evento, realizado no sítio do agricultor Luiz Vieira do Nascimento, em Cotriguaçu (a 950 km de Cuiabá), os participantes conheceram as vantagens de praticar a agricultura consorciada com diversas espécies, incluindo madeireiras, como forma de se obter alternativas de renda durante todo o ano.

O uso dos SAF também é recomendado por especialistas para conservação da biodiversidade e para a recuperação de áreas degradadas. Promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD/Brasil), pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) em parceria com o projeto Poço de Carbono Juruena, desenvolvido pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena (ADERJUR) e com patrocínio do Programa Petrobras Ambiental, o intercâmbio agradou os extrativistas. Para Saulo Petry, mais conhecido como Polaco, o uso de sistemas agroflorestais será uma ótima alternativa para os moradores da RESEX.

"Vou contar o que vi no sítio do Luizão para estimular moradores a desenvolverem agricultura em consórcio", anima-se. "Com um pouco de apoio da Sema eu tenho certeza que logo haverá mais gente produzindo dessa forma dentro da reserva", complementa. Já para Raimundo Almeida, o cacau, a pupunha, o ingá e o café são ótimas alternativas para se desenvolver na RESEX, consorciando com seringa e castanha-do-Brasil, que é a base da economia dos moradores. "Acredito que das 38 famílias que moram na parte do rio Guariba, umas doze famílias que já plantam um pouco de laranja, limão, jaca, graviola, abacate, abacaxi, banana, mandioca e cana-de-açúcar devem se interessar pelos SAF", explica. "Se a idéia der certa futuramente nós poderemos sair da agricultura de subsistência e até comercializar para a merenda escolar", finaliza.

Os técnicos da Sema escolheram a propriedade do Luizão para o intercâmbio por ser considerada o melhor exemplo de sistema agroflorestal da região noroeste de Mato Grosso. Em uma área de 18 hectares, o agricultor cultiva cerca de 80 espécies plantadas entre cacau, café, pupunha, cupuaçu, guaraná e diversos tipos de árvores. Luizão também cria porco, cabrito, gado, carneiro, peixe e abelha. "Fazer o que eu faço dá trabalho, mas se tem amor a terra o resultado é certo, tudo o que eu produzo eu vendo", explica Luizão. "Com o SAF eu aprendi a produzir mais e desmatar menos", conclui.

Paulo Nunes, coordenador do projeto Poço de Carbono Juruena e um dos maiores incentivadores da proposta agroecológica na região, explica que a agrofloresta mantém a família no campo, pois gera emprego para toda a família. "Essa união familiar é uma das coisas que ajuda a fazer a diferença", destaca. "A maior parte dos assentamentos da região foi desmatada para criar gado, o que em pequenas áreas, não é lucrativo e, a longo prazo, faz com que as famílias vão embora e cedam suas terras a grandes proprietários", alerta. "Com os SAF, o agricultor consegue ter uma renda muito maior do que com o gado, seja com a pupunha, o café, o cacau ou outra atividade com comércio na região", conclui. Além dos extrativistas, dos técnicos da Sema e do projeto Poço de Carbono Juruena, o intercâmbio contou também com a participação de pesquisadores da Embrapa Agrosilvipastoril, localizada em Sinop, no médio norte mato-grossense.

Os pesquisadores vieram conhecer os projetos desenvolvidos na região noroeste para desenharem possíveis parcerias de transferência de tecnologia a partir de 2012.

RESERVA EXTRATIVISTA GUARIBA ROOSEVELT

Criada pelo Decreto no 952/1996 e ampliada pela Lei no 8.680 de 2007 a Reserva Extrativista Guariba Roosevelt é a única do estado e considerada o último reduto da população remanescente dos "soldados da borracha" em Mato Grosso. Com 138.092 ha entre os municípios de Colniza e Aripuanã, a RESEX visa assegurar a conservação da floresta e a manutenção da prática extrativista tradicional. Neste ano foi finalizado plano de manejo da área e com apoio do Projeto de Conservação e Uso Sustentável das Florestas do Noroeste do Mato Grosso, desenvolvido pela SEMA e pelo PNUD/Brasil, os moradores retomaram suas atividades tradicionais. Na última safra foram comercializadas 14 toneladas de castanha e quase cinco toneladas de látex. A expectativa para este ano é aumentar consideravelmente a produção.

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