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Extração de madeiras

Estadão do Norte-Porto Velho-RO
06 de Nov de 2002

Centenas de metros cúbicos de frejó, mogno, angelim, sucupira, samaúma e outras madeiras nobres vêm sendo retirados, ilegalmente, da área de posse das famílias de colonos despejadas das Glebas Rio Alto e Floresta, na divisa dos municípios de Monte Negro e Governador Jorge Teixeira, em Rondônia. A denúncia foi feita, em Brasília, por dirigentes das Associações de Produtores Rurais das Comunidades Curupira e Marechal Rondon. Segundo eles, enquanto o Incra e o Ibama têm divergências para solucionar o impasse, madeireiros da região estão abrindo estradas na mata e recolhendo a madeira dos lotes próximos ao Km 90, nas linhas C-9 e C-13, no rumo da linha 17.
"Estamos impedidos de entrar nos lotes, porque, a cada dia aparecem mais pessoas por lá, dizendo-se policiais destacados para guarnecer a área. As autoridades fazem vistas grossas ao desmando e nós, além do prejuízo, estamos ameaçados de prisão", queixou-se Nelson Bispo dos Santos, no gabinete do senador Amir Lando. A defesa dos colonos está custando sucessivas ameaças de morte a Nelson. "São os guardas da área", ele conta.
Antes do despejo, o Incra promoveu reuniões, nas quais coletou dos posseiros uma série de documentos correspondentes ao pagamentos de impostos rurais, memorial descritivo, mapas de antigos seringais e benfeitorias. "Só eu gastei mais de R$ 2 mil para receber documentos do Incra, sobre uma área de 4,8 mil hectares".
O senador retorna a Brasília e levará a denúncia à direção do Ibama. Em maio de 2000, a procuradora autárquica do instituto, Maria Helena Moura Monteiro de Barros, expediu certidão negativa de débito a alguns posseiros, para fins de registro de escritura.
As aproximadamente 500 pessoas despejadas em agosto do ano passado, encontravam-se em terras litigiosas, à esquerda da BR-421 (antiga Rodovia da Cassiterita). Os 37 mil hectares ocupados fazem parte dos 55 mil ha que formam a reserva indígena Uru-eu-au-au, situada a 40 Km dali. As glebas têm 426 lotes de aproximadamente 50 ha, distribuídos nas linhas 1, 5, 9, 13 e 17, entre os municípios de Monte Negro, Campo Novo e Jorge Teixeira.
"Já que o assentamento definitivo demora, queremos, pelo menos, reaver os nossos bens; perseguidos já estamos, e agora, roubados", lamentou Nelson Bispo. Ele explica que o Incra em Brasília reconhece a área e a documentação, mas em Rondônia isso não ocorre. Munidas de certificados de cadastro de imóvel rural dos anos de 1998 e 99, há mais de um ano, as associações rurais levaram o problema ao Incra, exigindo a devolução de máquinas, animais, utensílios e indenização pela perda de lavouras destruídas pela Polícia Federal ao longo das ações de despejo a pedido do Ministério Público Federal. Vacas leiteiras continuam sob a responsabilidade da Funai, mas, de acordo com as associações, há irregularidade no tratamento dos animais.

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