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Extinção pode ser uma perda irreparável, diz professor

Diário de Cuiabá-Cuiabá--MT
22 de Abr de 2003

Considerado um dos mais importantes especialistas em línguas indígenas do mundo, o professor Aryon Rodrigues vê na iminente extinção do idioma umutina uma perda irreparável para a humanidade. "Cada língua é um modelo único de organização do pensamento", avalia o professor, que coordena o Laboratório de Línguas Indígenas da Universidade de Brasília (UnB).

Foi ele quem há oito anos indicou a sua então orientanda Stella Telles que procurasse a etnia para iniciar seus estudos. "Disse a ela que faltava uma pesquisa e documentação mais extensa daquele idioma que, em breve, poderia não mais existir".

O coordenador diz que a língua Umutina não é a única a enfrentar atualmente esta situação de extremo risco. Ele cita o caso dos índios Mako, em Roraima, e dos Xipaya e Kuruaya, no Pará, onde os falantes do idioma nativo não passam de dois indivíduos.

Sobre a possibilidade de revitalização da língua entre os jovens, Rodrigues também não é otimista. Segundo ele, é muito difícil fazer com que crianças aprendam uma língua diferente da falada pelos pais e a sociedade.

"Essa possibilidade, infelizmente, poderia existir se houvesse na comunidade um movimento organizado para promover o aprendizado da língua. Mesmo assim, não haveria garantia de sucesso".

Segundo Rodrigues, Julá Paré é um "arquivo vivo" e merece a atenção dos pesquisadores. "Ele é a única memória que sobrou para este povo. É muito importante que possa passar às futuras gerações o muito que sabe". (RV)

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