Página 20-Rio Branco-AC
11 de Fev de 2004
Operação denuncia exploração ilegal de madeira por peruanos nas terras dos índios ashaninkas
Invasão de madeireiros peruanos na região já dura mais de duas décadas
Uma operação realizada por agentes da Polícia Federal, Ibama, Funai e Batalhão do Exército de Cruzeiro do Sul no início deste mês confirmou as denúncias de exploração ilegal de madeira por madeireiros peruanos nas terras dos índios Ashaninkas e Arara do rio Amônia, e na área sul do Parque Nacional da Serra do Moa, no município de Marechal Thaumaturgo. Os órgãos fiscalizadores da área preparam agora um relatório a ser enviado ao Gabinete de Gestão Integrada, formado pelas instituições de segurança do Estado, e posteriormente ao Itamaraty através do Ministério das Relações Exteriores.
A intenção é buscar uma solução imediata para o problema. Segundo o secretário executivo do Gabinete de Gestão Integrada, tenente Edvaldo Tavares, o Brasil, que está sendo atingido, deve sensibilizar as autoridades peruanas no sentido de cobrar providências para solucionar a questão na fronteira e ao mesmo tempo se fazer presente na área através de instituições de defesa social, como a Polícia Federal e Exército. Entre as irregularidades constatadas in loco pelos agentes na fronteira estão: retirada ilegal de madeira (mogno, cerejeira) dentro e fora da área indígena; construção de pista de pouso em território peruano na faixa de fronteira em local de fácil acesso ao território brasileiro e clima de tensão na área indígena Ashaninka em função da presença dos estrangeiros.
O problema de invasão nos territórios indígenas, envolvendo os índios Ashanikas do rio Amônea se estende desde 1980. Um dos agravantes da situação é a condição de fronteira aberta do Brasil com o peru naquela região. Os marcos delimitadores foram fixados há cerca de 79 anos (1924) e a maioria não existe mais, uns por força do tempo, outros provavelmente por terem sido retirados. Cada marco, construído em concreto, não pode ser visualizado em sobrevôos devido a densidade da floresta, além disso, eles estão distantes 50 quilômetros um do outro.
A região, também considerada a maior reserva biológica do mundo pode estar sendo usada como rota para o tráfico internacional de drogas e há indícios de que os madeireiros agiriam com o apoio de narcotraficantes. Através de relatos dos próprios moradores da aldeia, ficou confirmado que o tráfico é feito através do sistema "formiguinha", que consiste em contratar "mulas" para cruzarem a floresta do Parque Nacional da Serra do Divisor com sacas de drogas nas costas. O carregamento é abandonado em determinado ponto combinado previamente com o traficante. Essa droga recolhida por um traficante brasileiro estaria seguindo para os municípios de Cruzeiro do Sul, Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Manaus (AM) e abastecendo também a rota do eixo Rio-São Paulo. Uma intervenção por parte do governo federal pode resolver inclusive o perigo iminente de conflito na região entre os índios peruanos e nacionais (Ashaninka), que vivem em constante tensão e ameaças de guerra.
As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.