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Expectativa de vida derruba IDH

OESP, Vida, p. A18
06 de Out de 2009

Expectativa de vida derruba IDH
Brasil fica em 75.o no ranking de desenvolvimento humano, mas em 81.o no das nações onde se vive mais

Lígia Formenti
Brasília

O desempenho do Brasil no ranking do Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento Humano (Pnud) é empurrado para baixo pelo índice relacionado à expectativa de vida. O País alcançou no último relatório, divulgado anteontem, a 75ª colocação de desenvolvimento humano entre um grupo de 182 países . Mas, quando se analisa apenas a expectativa de vida, essa colocação cai para 81ª.

"Se o Brasil quer avançar, é preciso melhorar principalmente os indicadores de saúde", avaliou o economista sênior do Pnud, Flávio Comim. "Isso também precisa vir acompanhado de políticas de geração e distribuição de renda, alinhadas com medidas de educação."

A média brasileira, referente a 2007, foi de 0,813 - de uma escala que vai de 0 a 1. No relatório anterior, a média foi menor: 0,808. Para se chegar a esse número, chamado de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), são observadas quatro taxas: pessoas alfabetizadas, expectativa de vida, matrículas escolares e nível de renda. No primeiro quesito, o Brasil apresentou o 71o melhor desempenho. A taxa de matrícula foi melhor: 40ª colocação. O nível de renda foi o segundo pior colocado dos quatro itens avaliados: 79ª lugar.

O Ministério da Saúde divulgou nota para contestar o relatório. Sobre a esperança de vida, de 72,2 anos, segundo o Pnud, a nota diz que "segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o indicador era de 71,9 anos em 2005; de 72,28 anos em 2006; e de 72,57 anos em 2007. Isso significa que, em dois anos, entre 2005 e 2007, o Brasil aumentou sua esperança de vida em 0,67 anos.

O diretor do departamento de análise de situação de saúde do ministério, Otaliba Libânio, propõe uma mudança de metodologia pelo Pnud. Ele observa que os números adotados têm como base estatísticas do IBGE que se referem ao período entre 1990 e 2000. "Houve uma expressiva melhora nos indicadores de mortalidade deste então", afirma.

Libânio também afirma que a violência - homicídios e acidentes de trânsito - tem papel fundamental na redução de expectativa de vida no Brasil, que é inferior à apresentada por Argentina (75,2 anos); Chile (78,5 anos); Costa Rica (78,7 anos) e .até do que a do Vietnã, o 116o colocado: 74,3 anos.

"Por que não se vive mais no Brasil? Talvez a resposta esteja no quanto o País investe na área de saúde", diz Comim. O relatório aponta que em 2007 o País investiu 7,2% do PIB em saúde e 14,5%, na educação. "Não é educação que investe muito. É saúde que precisa de melhor atenção", avalia.

No País, 10% são migrantes

Lígia Formenti

Relatório do Pnud mostra que 10% da população brasileira é migrante, um porcentual significativo, mas distante do apresentado por outros países americanos. Na Argentina, por exemplo, esse porcentual é de 19,9%; no Uruguai, 24%; e em Cuba, 15%. Entre 1990 e 2005, 17 milhões de brasileiros saíram de suas cidades. "A migração é considerada um movimento positivo, pois é a concretização do direito de a pessoa se locomover", afirma o economista do Pnud, Flávio Comim.

O local de destino é beneficiado: o migrante movimenta a economia e recolhe impostos. Segundo o Pnud, cidades receptoras ficam com 15% a 20% do que recebem os novos moradores . "Há também um ganho que não é possível mensurar: o contato com culturas distintas."

Comim afirma que, ao contrário do que ocorria na década de 60, quando migrantes saíam de suas cidades para nunca mais voltar, hoje a movimentação é mais flexível, mais curta. "Vão e voltam. Sempre tendo como objetivo uma condição de vida melhor."

OESP, 06/10/2009, Vida, p. A18

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