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Exército pode ter mais 150 mil hectares em Roraima

Brasil Norte-Boa Vista-RR
Autor: IVO GALLINDO
03 de Mar de 2004

Brigada solicitou informações sobre ocupação de área pretendida ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
Paulo Studart: ampliação de área militar na Amazônia faz parte da estratégia de deslocamento de tropas do Sul para o Norte do País

A informação de que o Exército pleiteia nova área em Roraima provocou controvérsias ontem e gerou um novo capítulo na novela em torno da situação fundiária do Estado. Deputados questionaram o pedido de cerca de 150 mil hectares no município de Alto Alegre. A ampliação de terras militares em solos roraimenses, segundo informações da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, foi oferecida pela União ao Ministério da Defesa (MD).

No início da tarde, o comandante da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, general Paulo Studart, explicou que em 2002 - período em que se iniciaram os debates entre os governos Luiz Inácio Lula da Silva e Flamarion Portela sobre a regularização fundiária de Roraima - o MD foi questionado sobre o interesse por algumas das áreas de domínio da União no Estado. Das quase 10 glebas apresentadas, o Exército mostrou interesse pela Cauamé.

A consulta foi feita através do Departamento de Engenharia e Construção do Exército. O comando local apresentou três possibilidades que atenderiam os requisitos para utilização eficaz. Atendendo pedido do Grupo de Trabalho Interministerial que analisa a situação fundiária de Roraima, a 1ª Brigada indicou o item 2, sob a justificativa de que seria a que melhor se adaptaria às atividades militares futuras, de treinamento à logística.

O espaço sugerido - situado na parte central da Cauamé - separa algumas reservas indígenas: Pium, Anta, Barata Livramento e Truaru; da Boqueirão, Mangueira e Raimundão. Pode-se entender que seria uma estratégia de brecar o processo expansionista observado em Roraima. Paulo Studart afirmou não passar de coincidência. "O único enfoque foi qual área seria útil às atividades do Exército, dentro das estratégias para a Amazônia", frisou.

O general ressaltou não haver nada acertado ou definido. "Isso faz parte das discussões do GTI. Depende de outros fatores". O Exército requereu do Incra informações sobre a ocupação dessa área, mas ainda não obteve resposta. Quer saber se existe algum contencioso ou se atrapalha atividades existentes na região. Segundo o comandante, por enquanto, não é possível especificar o tamanho delimitado. "Não realizamos levantamento topográfico".

Instrução
Paulo Studart acrescentou que o relevo da área indicada, quase todo de cerrado, facilita seu aproveitamento de forma ampla como campo de instrução, incluindo a utilização de blindados e a presença de um número maior de tropas. Um dos locais mais usados atualmente fora de Boa Vista, assegurou o general, é uma área de serra na entrada de Bonfim, especialmente para prática de tiros. Não é, todavia, de uso diário do Exército.

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