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EXÉRCITO DEVE SER ACIONADO PARA DESOCUPAR ÁREA

A Tarde
Autor: Adilson Fonsêca
03 de Jul de 2007

A Polícia Federal vai requisitar o apoio de policiais militares de Pernambuco e não descarta o uso de soldados do Exército para forçar a desocupação da área do canteiro de obras do canal do Eixo Norte da transposição, no município de Cabrobó (PE).

Ontem, uma equipe de negociadores deslocou-se de Recife para articular a saída pacífica dos manifestantes, que desde a última terça-feira estão num acampamento montado no local onde será construído o canal. A desocupação do canteiro de obras, com o uso da Polícia Federal e acompanhamento de agentes da Funai (Fundação Nacional de Apoio ao Índio) foi determinada pelo juiz da 20ª Vara da Justiça Federal de Salgueiro, Giorgius Argentini Felipi Credídio, e foi dada na última sexta-feira. O juiz atendeu ao pedido da Advocacia Geral da União (AGU), que atendeu, por sua vez, o pedido de reintegração de posse feito pelo Ministério da Integração Nacional.

A retirada dos índios, mediante o uso da força da PF, não tem uma data determinada, podendo acontecer ainda hoje. Mas no final da manhã de ontem, um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal (PRF) fez dois vôos rasantes sobre o local onde estão os índios e os sem-terra, filmando toda a área. O sobrevôo fez aumentar a tensão no local e o temor de uma investida dos policiais federais. Contudo, até o final da tarde, isso não ocorreu.

Conforme a assessoria de comunicação da PF, em Recife, os agentes têm ordem de esgotar até o último instante as negociações com os manifestantes, hoje constituídos, por índios da Tribo Trukás, que moram na Ilha de Assunção, a menos de 100 metros do local das obras do canal. Os índios, juntamente com representantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) são contra a transposição e lutam, também, pela demarcação das terras indígenas.r

TENSÃO - Na noite de domingo, os trukás resolveram barrar o acesso de pessoas à área do acampamento, fechando com portão de madeira a entrada. Pintados para a guerra, os índios impediram até mesmo a entrada da imprensa no local, sob a alegação de que estavam adotando estratégias ante uma possível ação de despejo organizada pela PF.

O acampamento, que até o dia anterior estava com mais de 1.600 pessoas, foi esvaziado na madrugada de ontem, com a retirada dos oito ônibus que tinham trazidos trabalhadores rurais sem-terra de vários municípios da Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Alagoas, Sergipe e Ceará. No final da manhã de ontem restavam pouco mais de 250 pessoas no acampamento, mas segundo as lideranças, outros contingentes formados por índios de outras tribos, deverão se juntar aos trukás a partir de hoje. A estratégia dos trukás de retirar os sem-terra e passarem eles a controlar a ocupação, tem como objetivo assegurar a posse da terra reivindicada há dois anos na Funai e, ao mesmo tempo, evitar a aplicação da multa diária de R$ 10 mil, determinada pela Justiça, em caso de resistência à ação de despejo.

No dia anterior, o cacique Aurivan Barros, Neguinho, deu a ordem para o fechamento do acesso ao acampamento. Depois de uma assembléia com os índios e os sem-terra, o próprio cacique explicou que a partir daquele momento as terras da Fazenda Tucutu, onde está o canteiro de obras do canal do Eixo Norte da transposição, passaria a ser terra truká e que os índios, independentemente do desfecho da ação da Justiça, não pretendem abrir mão do direito de posse. "A gente não sai. Se sair agora, a gente volta", disse.

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