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Excesso de plantas aquáticas prejudica Rio Paraíba do Sul

OESP, Cidades, p. C5
13 de Abr de 2004

Excesso de plantas aquáticas prejudica Rio Paraíba do Sul
Fenômeno verificado no Vale do Paraíba é provocado por estiagem e aumento da poluição

A mancha verde escura que tomou conta de um trecho do Rio Paraíba do Sul, na altura de São José dos Campos, ameaça atingir outras cidades do Vale do Paraíba. O fenômeno, causado pela proliferação de um tipo de planta aquática, é decorrente da poluição e da baixa vazão do rio.
O excesso de plantas - capitubas ou capituvas - foi notado nos últimos dias e assusta ambientalistas e moradores. A situação é agravada pela ausência de ventos e chuvas na região.
"No ano passado, essa vegetação chegou a cobrir trechos de até um quilômetro, desde Jacareí até Caçapava", disse o engenheiro Mário Luiz Alves, gerente regional da Cetesb. "A tendência é se agravar, pois, por causa da estiagem, a vazão do rio está menor ainda."
As plantas existiam nas margens do rio, de maneira controlada. Mas com o agravamento da poluição na água, elas aumentaram. "Poluição, baixa vazão e velocidade do rio e poucos ventos provocaram sua proliferação, fenômeno que vem se repetindo desde 2002", explicou Alves.
O Paraíba nasce a 1.800 metros de altitude, na Serra da Bocaina (SP).
Tem 1.150 quilômetros de extensão e passa por São Paulo, Minas e Rio. No trecho paulista, 100 quilômetros apresentam baixa vazão por causa das manobras nos dois principais reservatórios de abastecimento de água da região: Santa Branca e Jaguari. O de Santa Branca lançava 40 metros cúbicos por segundo de água no rio e o do Jaguari, 10.
Em março, a Agência Nacional das Águas estabeleceu nova estratégia para reter água nos reservatórios e manter normal o abastecimento da população. O Santa Branca diminuiu sua vazão para até 34 metros cúbicos por segundo e o Jaguari para até 7.
Com isso, o nível do Paraíba baixou e sua vazão diminuiu. Mas a do esgoto não. Em Jacareí, apenas 2% do esgoto é tratado e em São José dos Campos, 45%. Outros 34 municípios do Vale lançam seus resíduos no rio.
"Tudo isso mais os dejetos industriais tornaram o Paraíba um rio morto", criticou Mauro Frederico Wilken, presidente da Sociedade Ecológica de Santa Branca e membro do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema).
"Vamos pedir que a Secretaria Estadual de Meio Ambiente reveja as outorgas concedidas às indústrias da região", informou. "Essas outorgas são antigas e as indústrias não podem continuar lançando a mesma quantidade de resíduos, pois o rio não tem mais a mesma capacidade de depuração que tinha no passado."
Limpeza - A prefeitura de São José dos Campos informou que abriu licitação para contratar uma empresa para retirar as plantas aquáticas do rio. A limpeza é feita com dragas e terá de ser autorizada pelos órgãos ambientais.
Alves vê com preocupação esse trabalho. No ano passado, a utilização de máquinas provocou a fragmentação dessas manchas. "Blocos da vegetação desceram o rio e, em Guaratinguetá, ficaram presos nos pilares da ponte da cidade. Isso bloqueou o escoamento das águas, fazendo com que o fluxo se transferisse para as margens, provocando erosão nas cabeceiras da ponte."
(M.M.)

OESP, 13/04/2004, Cidades, p. C5

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