VOLTAR

Evento sobre organicos vai runir 1. 500 pessoas

O Globo, Rio, p.31
05 de Set de 2004

Evento sobre orgânicos vai reunir 1.500 pessoas
Rio é o terceiro maior produtor de alimentos sem agrotóxicos do país; setor já movimenta R$100 milhões por ano
O Rio está cada vez mais orgânico. E o entusiasmo dos cariocas pelos produtos cultivados sem agrotóxicos e adubos químicos tem crescido tanto que a cidade vai sediar pela segunda vez a BioFach América Latina, um evento que reúne produtores, compradores e consumidores de orgânicos. Eles vão poder, entre os dias 8 e 10 de setembro, trocar experiências e assistir a palestras sobre este tipo de produção, fechar negócios e, como ninguém é de ferro, provar delícias preparadas por chefs.
A BioFach, cuja versão original acontece todo ano em Nuremberg, na Alemanha, e é o maior evento do gênero da Europa, vai reunir 140 empresas e 40 palestrantes nacionais e estrangeiros no Hotel Glória. A expectativa de Maria Beatriz Martins Costa, responsável pela realização da BioFach, é de que a feira movimente R$8 milhões e atraia 1.500 pessoas:
— A estimativa é que no Brasil existam 20 mil produtores de orgânicos. O Rio é o terceiro maior produtor, mas aparece como segundo maior consumidor — diz Maria Beatriz.
Nos dois primeiros dias do evento, o público (que deve comprar ingressos no hotel, ao custo de R$330 pelos três dias ou R$80 pelo terceiro dia, voltado para o consumidor) vai poder assistir a diversas palestras. No dia 10, Flávia Quaresma, do Carême, e Rosa Hertz, do Celeiro, vão ensinar receitas que usam produtos orgânicos. O ator Marcos Palmeira vai falar sobre a importância dos orgânicos e contar sua experiência com os produtos.
Na fazenda do ator, a Vale das Palmeiras, são produzidos 200 quilos de alimentos por dia. É pouco, comparado com as 30 toneladas que o Sítio do Moinho, maior produtor do Rio, produz mensalmente. Não existe estatística da produção total do Rio, mas o secretário de Agricultura, Abastecimento, Pesca e Desenvolvimento do Interior, Christino Áureo da Silva, estima que o mercado de produtos orgânicos movimente no estado R$100 milhões por ano. O crescimento do setor não se vê apenas nas gôndolas dos supermercados. Há cinco anos, havia 17 produtores certificados no estado. Hoje, são 180:
— O Rio é o estado que tem maior crescimento da produção, de 30% ao ano.

Restaurantes e lojas investem em novo filão
Expectativa é de que o mercado triplique até o fim de 2005
O interesse por alimentação saudável e o hábito de comer folhas são duas características que tornam os cariocas consumidores ávidos por produtos orgânicos. De olho no filão, supermercados e restaurantes têm investido cada vez mais em produtos sem agrotóxicos. Em pelo menos 20 restaurantes do Rio, já é possível encontrar no cardápio uma ou mais opções de prato feito com orgânicos.
Sócio do Gula Gula, o empresário Pedro de Lamare conta que incluiu há um ano e meio no cardápio do restaurante do Leblon um prato orgânico, que varia a cada dia. O sucesso foi tanto que a rede há sete meses serve orgânicos em todos os restaurantes.
— A aceitação é muito boa. A procura é tanta que estávamos até fazendo uma feirinha, aos sábados, na varanda do restaurante de Ipanema, com produtos da fazenda do Marcos (Palmeira). Era tudo vendido a R$1. Só paramos porque estava atrapalhando o preparo do almoço — lamenta.
A expansão do setor também está atraindo o Mundo Verde, que comercializa produtos naturais e esotéricos. Segundo Jorge Eduardo Antunes, diretor de franquias da rede, está sendo feito um estudo para abrir uma loja no Rio, e outra em São Paulo, apenas para a venda de orgânicos:
— Temos cadastrados em nossas lojas 400 produtores de orgânicos. O Mundo Verde vende por ano cerca de R$2,5 milhões em orgânicos. Por isso, pensamos em abrir lojas voltadas para esse setor.
Se tudo der certo, a primeira loja do Rio deverá ser inaugurada em seis meses. No ano que vem, também deverá entrar em funcionamento o projeto da Secretaria de Agricultura de criar mercados móveis, só de orgânicos.
— Também abrimos uma linha de crédito especial para financiar os produtores orgânicos. Eles poderão pegar empréstimos com prazo de pagamento de 60 meses e juros de 2% ao ano, mais baixos do que os de mercado — diz Áureo. — A expectativa é que o mercado triplique até o fim de 2005.

O Globo, 05/09/2004, p. 31

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.