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Evento paralelo a conferência traz alternativas

OESP, Geral, p. A15
30 de Nov de 2003

Evento paralelo a conferência traz alternativas
Feira reúne soluções criativas e de baixo custo para reciclagem e economia de energia

Lígia Formenti

A Conferência Nacional do Meio Ambiente, realizada desde anteontem em Brasília, traz não só discussão de temas como transposição do Rio São Francisco, proteção do patrimônio genético ou transgênicos. Bem próximo do local onde delegados discutem as diretrizes para uma nova política ambiental do País estão expostos exemplos de alternativas simples, tanto para economia de energia quanto reciclagem, a Feira de Negócios e Produtos Sustentáveis. Tudo embalado ao som de músicas regionais, apresentações e pratos como caldo de piranha ou chipa, um bolinho feito com polvilho, típico de Mato Grosso do Sul.
O engenheiro Augustin Wodz exibia na feira uma engenhoca simples, feita com caixa d'água, tubos e revestimento de escritório capaz de esquentar a água usada em casa ou no local de trabalho em até 39 graus. "Com menos de R$ 200 e um pouco de habilidade é possível conseguir uma economia tremenda de energia", garante Wodz. O sistema, batizado de aquecedor solar de baixo custo, foi idealizado por ele há alguns anos e desde 2002 é o centro das atividades da Sociedade do Sol. A organização, com voluntários em vários Estados, tem como objetivo incentivar a população a construir o sistema, gratuitamente. "Interessados precisam apenas se encarregar de comprar o material, em qualquer loja. Nós ensinamos a fazer", conta.
Pelos cálculos de Wodz, o sistema custa cerca de 8% do aquecimento solar tradicional. A temperatura da água, admite, em seu sistema não é tão alto.
"Mas não precisa. Para um banho confortável, não precisamos mais do que 39graus." Pela experiência acumulada nos últimos anos, Wodz afirma que a adoção do sistema pode trazer benefícios para todos, principalmente para pessoas carentes. "Elas ganham auto-estima por fazer o trabalho em casa. Sem falar na economia. Tanto para o dono da casa quanto para o País. Se todos usassem métodos assim, imagine quanto da produção nacional de energia poderia ser poupada."
Mosaico - A criatividade associada à proteção do meio ambiente também pode resultar em arte. Um grupo de 33 pessoas formou há menos de um ano a Associação Reciclã, em Brasília. Para elas, sobras minúsculas de panos, jornais ou o fruto da ação de vândalos podem ganhar utilidade. Voluntários percorrem ruas de algumas regiões do Distrito Federal em busca de sobras da proteção para chuva instalada nos pontos de ônibus destruídas pela população. Eles aproveitam o material e o mesclam com vidros quebrados e espelhos para montar mesas, mandalas e outras peças de decoração em mosaico.
Palha de milho com algumas sementes coloridas viram presépios. Sobras de pano, pesos de porta, bonecas, peças de parede. Sementes de abóbora podem se transformar em delicados enfeites de Natal. Sem falar nas peças com alumínio reciclado. A presidente da Associação Reciclã, a artesã Nicole Monteiro, conta que o trabalho começou com trabalhadoras domésticas. "Hoje, todas são artesãs."
Além de proporcionar uma melhora na qualidade de vida, o trabalho trouxe para a comunidade uma nova consciência sobre o aproveitamento das coisas.
"Vemos essas experiências em alguns locais. Mas é imprescindível que tal trabalho se expanda. Com isso, todos vão dirigir um novo olhar para o lixo e para os produtos que consomem", avaliou Nicole. "A difusão desse tipo de atitude já será um grande passo para a proteção do meio ambiente."

OESP, 30/11/2003, Geral, p. A15

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