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Europa: maior alteracao de clima em 5 mil anos

O Globo, Ciencia e Vida, p.36
30 de Nov de 2005

Europa: maior alteração de clima em 5 mil anos
BRUXELAS. O clima na Europa está passando por uma das maiores alterações dos últimos 5 mil anos, segundo o informe anual da Agência Européia de Meio Ambiente, publicado ontem. O documento analisa a situação ambiental de 30 países e avalia a eficácia das políticas adotadas para enfrentar o problema.
Como principal conclusão, o documento destaca que as mudanças climáticas no mundo estão em marcha”, como demonstra a ocorrência cada vez mais freqüente de fenômenos meteorológicos extremos, a escassez de água em algumas regiões e o retrocesso de gelo nos pólos.
O fenômeno também se reflete no aumento de 0,95 grau Celsius nas temperaturas médias européias, que, alerta o documento, devem aumentar de 2 a 6 graus Celsius ao longo deste século”.
A diretora da Agência Européia de Meio Ambiente, Jacqueline McGlade, disse na apresentação do relatório que a Europa tem a obrigação de olhar além de 2012 e de suas fronteiras”, já que as mudanças climáticas são um problema global. McGlade se referia à data limite do Protocolo de Kioto. Representantes de 190 países reunidos pelos próximos dias em Montreal, no Canadá, para uma conferência sobre clima da ONU discutem justamente as bases de um novo acordo a entrar em vigor pós-Kioto.
— Numa economia cada vez mais globalizada, as decisões dos consumidores de qualquer lugar afetam cada vez mais não apenas o meio ambiente europeu, mas também o de muitas outras partes do mundo — afirmou.
Segundo a diretora, faz falta uma política mais ampla de redução das emissões de gases do efeito estufa já que, ainda que a União Européia consiga limitar o aumento médio das temperaturas a dois graus Celsius, viveremos em condições atmosféricas jamais experimentadas por seres humanos”.
Embora as mudanças climáticas sejam o problema mais imediato, existem outras prioridades ambientais, como a luta contra a contaminação atmosférica, a regulamentação dos produtos químicos para reduzir seus efeitos nocivos à saúde e ao meio ambiente.
Áreas urbanas aumentaram cerca de 6% na Europa
Para avaliar a situação do continente, o documento analisou nove indicadores: emissões de gases do efeito estufa, consumo de energia, eletricidade renovável, emissões de substâncias acidificantes e de precursores de ozônio, demanda de transporte de mercadorias, superfície dedicada à agricultura ecológica, resíduos urbanos e uso de recursos hídricos.
O documento sugere que a Europa faça um uso mais amplo das energias renováveis. Destaca também que muitos dos problemas ambientais do continente estão relacionados às formas de utilização do solo, à estrutura econômica e aos hábitos de vida dos cidadãos. Segundo o texto, é preciso aumentar a conscientização da população”.
O relatório cita ainda uma análise recente, segundo a qual entre 1990 e 2000 as zonas urbanas da Europa aumentaram em 6%, com a utilização de mais de 800 mil hectares de solos naturalmente produtivos para a construção de moradias e áreas de comércio.

Blair: energia nuclear volta à agenda
LONDRES. O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, trouxe a energia nuclear de volta à agenda ao anunciar ontem a necessidade de rever a política energética do país e comprometendo-se a decidir, até meados do ano que vem, como reduzir a crescente diferença entre a oferta e a demanda de energia sem contribuir para o aquecimento global.
Há dois anos, um estudo havia concluído que os custos de uma saída nuclear eram incertos e que fontes alternativas, como energia eólica ou solar, paralelamente ao uso mais racional dos combustíveis fósseis, seria suficiente.
Mas o aumento dos preços do petróleo, o aquecimento global e a crescente ênfase em segurança energética e a necessidade de decidir o que fazer com usinas nucleares que começam a ficar ultrapassadas levaram o governo a considerar a saída oferecida pelo estudo insuficiente.
— A revisão vai incluir especificamente a questão sobre se devemos desenvolver uma nova geração de reatores nucleares — Blair afirmou a empresários.
Ambientalistas protestam contra energia nuclear
Manifestantes contrários ao uso da energia nuclear entraram no encontro disfarçados de empresários e fizeram um protesto antes do início do discurso, forçando Blair a fazer sua apresentação em outra sala. Blair afirmou que, em 15 anos, tanto o carvão quanto as usinas nucleares teriam um grande papel no fornecimento de energia na Grã-Bretanha.
— Parte disso será substituída por fontes renováveis, não é possível substituir tudo — disse o primeiro-ministro.
Empresários tendem a defender a energia nuclear, enquanto grupos ambientalistas preferem um uso mais racional dos combustíveis fósseis, menos desperdício de energia elétrica e mais fontes consideradas alternativas, como a solar.

O Globo, 30/11/2005, p. 36

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