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Estudo revela que a área mais desmatada da Amazônia está no Pará

www.bolsaamazonia.com
Autor: Assessoria de Comunicação da Conservação Internacional.
07 de Nov de 2006

O Centro de Endemismo Belém, onde começa a área denominada arco do desmatamento, foi apontado como a região mais desmatada da Amazônia, com apenas 23% de sua cobertura florestal intacta. A informação é dos pesquisadores do projeto Biota Pará, uma parceria do Museu Paraense Emílio Goeldi e da organização ambientalista Conservação Internacional (CI-Brasil) e consta do Mapeamento das Remanescentes Florestais do Centro de Endemismo Belém. O estudo mostra que 67% dessa área já foi desmatada e que grande parte das espécies ameaçadas de extinção que constam da lista vermelha do Pará ocorrem na região.

O Centro de Endemismo Belém é uma região biogeográfica localizada entre os Estados do Pará e Maranhão e configura a área mais antiga de ocupação humana na Amazônia brasileira. Em 2002, apresentava uma população estimada de 5,8 milhões de habitantes. A região abrange 147 municípios (62 no Pará e 85 no Maranhão) e inclui 41 áreas protegidas, sendo 27 Unidades de Conservação e 14 Terras Indígenas.

O Mapeamento divulgado no início de novembro é o estudo científico mais detalhado já realizado sobre o Centro de Endemismo Belém e ilustra, com mapas, as várias categorias de florestas da região, indicando sua situação de exploração. Para obter resultados tão refinados, os especialistas contaram com imagens de satélites e muita pesquisa in loco.

Metodologia - A equipe envolvida no trabalho analisou um mosaico composto por 16 imagens de satélite Landsat e TM5, processados nos anos 2003 e 2004. As conclusões foram validadas por meio de diversas pesquisas de campo, nas quais os cientistas percorreram grande parte da área estudada, dimensionada em aproximadamente 243 mil km² - tamanho equivalente ao Reino Unido, composto pela Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte.

Em campo, os pesquisadores fizeram um levantamento florístico e estrutural em 36 sítios localizados em florestas remanescentes e florestas secundárias (inicial e avançada). Os dados serão apresentados ao Programa ARPA (Áreas Protegidas da Amazônia) do Ministério do Meio Ambiente.

Resultados - Os dados obtidos sinalizam que dos 33% dos remanescentes florestais encontrados, 23% correspondem à floresta intacta e os 10% restantes são florestas exploradas. As áreas de floresta encontram-se muito fragmentadas, e neste conjunto se sobressaem quatro blocos de florestas remanescentes, sendo 90% concentrados em Terras Indígenas. Um dos blocos inclui as últimas reservas de madeira do Centro de Endemismo Belém, encontradas nos municípios de Tailândia, Goianésia do Pará, Ulianopólis e Paragominas.

Nas regiões já desmatadas, os pesquisadores também observaram que 24% da área são utilizados para pecuária e apenas 1,4% apresentam iniciativas de reflorestamento.

No Pará, o Centro de Endemismo Belém inclui a Zona Bragantina, uma área secular de ocupação localizada acima do Rio Guama, e outra situada abaixo deste rio onde eclodem novas frentes de exploração econômica (fronteiras abertas pela expansão da pecuária e de madeireiras) após a construção das rodovias BR 010 (Belém-Brasília), BR 316 (São Luís –Belém) e PA 150 (Bel-Marabá).

A área do Centro de Endemismo Belém sofreu um rápido processo de conversão da paisagem devido à abertura de estradas e à ocupação desordenada. O baixo índice de unidades de conservação também contribuiu para o agravamento do quadro ambiental na região.

Principais conclusões do estudo - O Centro de Endemismo Belém comporta o maior número de espécies ameaçadas de extinção do Estado do Pará e possivelmente algumas espécies já foram localmente extintas.

Os fragmentos florestais restantes são mais suscetíveis à perda de espécies, à invasão de espécies exóticas, à incidência de fogo e ao colapso de serviços ambientais; As poucas áreas protegidas (UCs e TIs) estão sob fortes pressões, algumas em situações críticas, como é o caso da Reserva Biológica Gurupi (MA); As áreas em regeneração (capoeiras) são extremamente importantes para a manutenção da biodiversidade; A região pode ser classificada como a Mata Atlântica da Amazônia, devido ao seu grau de desmatamento, ameaça e fragmentação.

Fonte: Assessoria de Comunicação da Conservação Internacional.

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