VOLTAR

Estudo oficial reduz preço de energia da usina

FSP, Dinheiro, p. B3
04 de Fev de 2010

Estudo oficial reduz preço de energia da usina

Humberto Medina
Da sucursal de Brasília

O governo quer que a energia da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA), seja mais barata que a que será produzida nas usinas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira (RO).
Estudo da EPE (Empresa de Pesquisa Energética, estatal que planeja o setor) calculou a tarifa-teto de Belo Monte em R$ 68 por MWh (megawatt-hora). O valor é 44% menor do que o preço-teto da hidrelétrica de Santo Antônio (R$ 122) e 14% menor do que o de Jirau (R$ 91).
O limite máximo para Belo Monte é inferior até mesmo ao resultado dos leilões das usinas do rio Madeira. Após a disputa por Santo Antônio, houve deságio de 35%, resultando em uma energia vendida a R$ 78,87 por MWh. Em Jirau, o leilão resultou em uma redução de 21,54% no preço, que fechou em R$ 71,4.
Ontem, o TCU (Tribunal de Contas da União) aprovou os estudos que servirão de base para a elaboração do edital de Belo Monte, que, segundo o governo, deverá ser licitada em abril. É a maior obra do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), com custo total de construção estimado entre R$ 16 bilhões e R$ 20 bilhões.
Apesar do estudo da EPE, quem define a tarifa-teto do leilão é o Ministério de Minas e Energia. A assessoria de imprensa do ministério informou que a tarifa-teto do leilão não será necessariamente a que foi estimada pela estatal.

Condicionantes
Para o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, o preço-teto poderá subir por conta dos condicionantes ambientais. "Não estavam incluídos no cálculo os condicionantes do licenciamento prévio. Deve subir um pouco", disse. O Ibama estima os custos ambientais em R$ 1,5 bilhão.
Nos leilões de hidrelétricas, vence a disputa a empresa ou consórcio que oferece a menor tarifa, respeitado o teto definido pelo governo. O cálculo feito pela EPE surpreendeu o mercado, que considera o projeto de Belo Monte menos atraente do que as usinas do Madeira e esperava um valor quase duas vezes maior como preço-teto.
Para o mercado, apesar de Belo Monte ter uma potência maior (11.200 MW, ante aproximadamente 6.450 MW das duas usinas do Madeira), o projeto no rio Xingu é menos atraente. Por essa avaliação, Belo Monte requer uma quantidade maior de investimento para gerar, proporcionalmente, menos energia.
Além disso, a quantidade de energia da hidrelétrica de Belo Monte que poderá ser vendida livremente para grandes consumidores, como indústrias, é menor do que a das usinas do Madeira. No caso de Santo Antônio e Jirau, os empreendedores podiam vender até 30% da energia no mercado livre.
Pelas regras do leilão, o preço ofertado pelos licitantes vale para o mercado cativo (onde estão os pequenos consumidores). Dessa forma, os futuros operadores da usina oferecem uma tarifa baixa para esse mercado e compensam vendendo energia mais cara para grandes consumidores. Em Belo Monte, apenas 10% da energia poderá ser vendida no mercado livre, o que reduz essa margem de manobra.
Pelos cálculos do governo, essa mudança elevou a tarifa-teto, que poderia chegar a R$ 59 por MWh e acabou ficando estabelecida em R$ 68. O teor do edital dirá agora se o projeto terá concorrentes.

FSP, 04/02/2010, Dinheiro, p. B3

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.