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Estudo mostra necessidade de aliar pavimentação da BR-163 a plano para evitar ações predatórias

Radiobrás-Brasília-DF
25 de Set de 2004

Na quinta-feira (23), o presidente Lula revelou que o governo pretende concluir as obras da rodovia BR-163, no trecho que liga o estado do Mato Grosso ao do Pará. Em entrevista a radialistas, o presidente garantiu que a questão ambiental na região será bem analisada para que a obra não sofra paralisações. "Quando nós colocarmos a máquina, é para a estrada sair. Não é para ela ficar empacada, como muitas vezes ela fica no Brasil", enfatizou.

Uma pesquisa elaborada pelo Iamazon - Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia mostra os perigos dessas paralisações criticadas pelo presidente Lula. Em dez anos, o número de estradas ilegais em uma importante área da BR-163, no Centro-Oeste do Pará, dobrou. Passou de 9,85 km para cada 10 mil km² entre 1990 e 1995 para 19,25 km para cada 10 mil km², entre 1996 e 2001.

Na parte central da região pesquisada, entre o rio Xingu e BR-163, está a maior das estradas ilegais - chamadas pelos pesquisadores de endógenas - , com 215 km de extensão. Essa estrada permite o acesso a vastas áreas de floresta intacta, o que facilita a ação de madeireiros, avalia o Iamazon.

"Todas as vezes em que se fala de retomada no asfaltamento da BR-163 e isso não se concretiza, as pessoas criam expectativas, a ocupação populacional da área aumenta e o valor da terra também", explica o pesquisador e secretário-executivo do Iamazon, Paulo Barreto. "A construção de estradas endógenas é uma conseqüência desse processo."

Para Barreto, essa expectativa frustrada de desenvolvimento da região tem como efeito colateral um forte impulso às atividades predatórias da floresta, já que a população, ao se deslocar para o local, não encontra as opções de trabalho. Na avaliação do pesquisador, asfaltar a BR-163 será um dos maiores desafios e um grande teste para o governo atual.

A região é conhecida por sua biodiversidade, riqueza mineral e grande número de populações indígenas e tradicionais. Iniciada na década de 70, ainda no governo militar, a BR-163 foi criada com o objetivo de expandir colonização agropecuária, ocupar o chamado "vazio demográfico" entre os rios Xingu e Tapajós e facilitar a exploração dos depósitos minerais (em especial, ouro) existentes na região de Itaituba (Pará).

Após três décadas, a maior parte da rodovia no trecho entre Cuiabá e Santarém permanece sem pavimentação. Dos cerca de 1,7 mil km, apenas 800 km estão asfaltados. Um grupo de trabalho interministerial foi criado para debater um plano de desenvolvimento sustentável para a região, que acompanhe as obras. A principal preocupação dos integrantes do grupo é vincular a pavimentação a um projeto de inclusão social e conservação do meio ambiente.

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