VOLTAR

Estudo faz retrato do índio brasileiro

A Gazeta - Vitória - ES
02 de Abr de 2001

O retrato do índio brasileiro é um quebra-cabeça ainda em formação. Essa é a visão do antropólogo Beto Ricardo, editor do livro Povos Indígenas no Brasil 1996/2000, que será lançado hoje em São Paulo e na terça-feira em Brasília. De um lado, comemora-se o crescimento populacional acima do esperado. De outro, descobriu-se que há pelo menos 12 povos à beira da extinção e muito pouco tem sido feito para reverter essa situação. Na capa do livro, um símbolo é emblemático. Um contador gira ao contrário, simbolizando essa ameaça. Hoje, são 216 etnias; amanhã, poderão ser 215, 214... "São povos que têm objetivos próprios e precisam de um Estado que não fique só falando em nome do índio", critica o antropólogo. Segundo ele, as boas notícias apresentadas na obra acabam por ser eliminadas diante da falta de uma política consistente que encerre os conflitos com os homens brancos. Entre os maiores problemas estão a questão fundiária, onde garimpeiros, traficantes e fazendeiros invadem reservas indígenas; um Estatuto do Índio desatualizado e uma agência, a Fundação Nacional do Índio (Funai), pouco ágil e instável - em 33 anos de vida, teve 27 presidentes. Para produzir a obra, que chega à sua oitava edição e é uma referência sobre o tema no Brasil, foi preciso reunir dados de mais de 200 colaboradores do país todo, muitos a milhares de quilômetros de distância. O resultado é uma imagem bastante próxima dos índios brasileiros, apresentada em 832 páginas, 27 mapas e 270 fotos. Segundo o "censo" do Instituto Socioambiental, hoje a população indígena chega a 350 mil pessoas - um crescimento de 3,5% anuais entre 1996 e 2000. Nada mau se comparado com o crescimento de 1,6% da população brasileira no período. Há exemplos ainda mais significativos, como a etnia uaimiri-atroari que cresceu 7% durante esses anos. Se nas estimativas anteriores eles estavam em declínio, hoje já são quase 800 índios vivendo no Amazonas e em Roraima.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.