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Estudantes indígenas da UFT recebem bilhetes com ameaças: 'vou tirar todos do meu caminho'

G1 https://g1.globo.com/
19 de Jun de 2019

Dois bilhetes com frases ameaçadoras foram encontrados dentro da mochila de uma indígena, estudante do curso de logística da Universidade Federal do Tocantins (UFT), no câmpus de Araguaína. Nos papéis, o autor ainda não identificado diz: "vou tirar todos os índios do meu caminho". O caso foi registrado nesta terça-feira (18).

A direção do câmpus de Araguaína informou que recebeu uma denúncia no final da tarde desta terça-feira e que abriu um processo de investigação interna para apurar os fatos, após isto irá tomar as medidas cabíveis.

Em um dos bilhetes, a mensagem ameaça os estudantes indígenas da universidade. "Índio não tem vez aqui na UFT. Vou tirar todos os índios do meu caminho".

Em outro, o autor cita nomes, que não serão mencionados na reportagem: "Primeiro vai ser a [...] e [...] fica esperto".

A UFT foi a primeira universidade brasileira a instituir o sistema de cotas para estudantes indígenas. Em 2004, a resolução elaborada pelo Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (Consepe) e pela Secretaria Especial para Promoção de Políticas de Igualdade Racial (Seppir) reservou 5% de vagas do vestibular da UFT para estes candidatos. Desde então, vários de diversas etnias de todo o Brasil tem ingressado na UFT.

O caso é tratado como racismo e discriminação pelo Movimento Estudantil Indígena e Quilombola (MEIQ). Em nota, os representantes do movimento disseram que desde junho de 2018, em que surgiu o movimento, vários ataques surgiram como forma de desestabilizar e ameaçar os estudantes indígenas e quilombolas.

"Esses ataques sempre existiram, porém, estão cada vez mais evidente, em forma de bilhete, mensagens em grupos e até rabiscos feito em banheiro ameaçando estudantes tanto indígena quanto quilombola. Estamos sendo atacados de todos os lados desde ameaças por parte de 'colegas de sala', até retiradas de direitos básicos, que nos mantêm na faculdade".

O movimenta destacou que a adaptação na universidade é complicado e que os indígenas ainda precisa enfrentar situações como essa, que "machuca, desmotiva, desestabiliza".

O MEIQ pediu que o caso seja investigado e o autor punido. "Nossa vivência se fundamenta no respeito, e um ambiente que era para ser acolhedor está sendo um dos mais opressores, assim como os demais tem direito a educação, nós também temos e exigimos respeito, para conosco e para com nosso povo", finalizou a nota.

https://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2019/06/19/estudantes-indigen…

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