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Estrela da energia

O Globo, Economia, p. 14
Autor: VIDOR, George
15 de Ago de 2016

Estrela da energia

George Vidor

A energia fotovoltaica (conversão da luz solar em eletricidade) ainda aparece depois da vírgula, como casa decimal nas percentagens na matriz brasileira, mas tem um potencial de no futuro - quando se tornar mais competitiva - atender a todo o consumo de residências no Brasil.
Isso poderá ocorrer por uma combinação de geração nas próprias residências e em usinas maiores, especialmente as chamadas híbridas, que devem ser instaladas ao redor ou nas proximidades de usinas eólicas, movidas pelo vento, além de lagos de algumas hidrelétricas. As híbridas podem compartilhar a mesma infraestrutura (linhas de transmissão, por exemplo), possibilitando uma razoável redução de custo.
Por enquanto, a geração fotovoltaica é cara. O investimento nas residências só se paga em um prazo entre sete e dez anos, o que reduz o número de interessados ao grupo de amantes da natureza com razoável sobra no orçamento doméstico.
A geração fotovoltaica é intermitente. À noite não há geração, só consumo (e, nesse caso, com auxílio de baterias), porque é necessária a exposição direta dos painéis à luz solar. A passagem de uma nuvem impedindo essa exposição interrompe a geração (o que é um problema na Amazônia por exemplo). Por isso, nenhum sistema elétrico de alto consumo pode funcionar apenas à base de geração fotovoltaica ou eólica, ambas intermitentes. Tal dificuldade só será resolvida com o avanço da tecnologia para "armazenamento" de energia, em baterias.
Porém, as distribuidoras de eletricidade já começam a ficar atentas para o impacto da micro e da minigeração em residências. Quando o consumidor gera a própria eletricidade e tem excedente, ele "empresta" essa energia para a distribuidora. Ou seja, o relógio "anda" ao contrário.
No entanto, a distribuidora tem de manter a rede operando, o que exige investimentos. A agência reguladora (Aneel) estabeleceu regras tarifárias já prevendo esse futuro. Ainda assim, o impacto permanece sendo uma incógnita para as distribuidoras, o que levou o Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) do Instituto de Economia da UFRJ a se aprofundar sobre esse tema.
Grandes hidrelétricas, usinas nucleares e térmicas (a gás, especialmente) continuarão sendo muito necessárias, inclusive para a estabilidade do sistema elétrico, que não pode depender de fontes intermitentes. O consumo de eletricidade tende a crescer com o aumento da frota de veículos elétricos. Mas não há dúvida que o mundo está entrando em uma nova fase energética.

O Globo, 15/08/2016, Economia, p. 14

http://oglobo.globo.com/economia/pos-olimpiadas-19922690

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