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Estrada do Pacífico: do inferno à nova realidade

A Tribuna-Rio Branco-AC
19 de Ago de 2002

"Isso aqui era um inferno", resume o motorista Gaspar Paulino, 75 anos, o primeiro motorista a aventurar-se a dirigir um caminhão de Brasiléia para Assis Brasil, percorrendo os 111 quilômetros que dividem os dois municípios na faixa de fronteira do Brasil com a Bolívia e o Peru.

"Para cada quilômetro, havia pelo menos duas ladeiras. Quando chovia, não passava nem sapo acorrentado. Eu cheguei a passar de até sete dias atolado", conta o motorista.Hoje, com a estrada com mais de 50% asfaltada e o restante pronto para receber a pavimentação, o que era um autêntico inferno para os motoristas que se arriscavam a viajar por ali, está se transformando numa fonte de expectativa de que os dias difíceis vão ter fim.

"Eu só lamento que esteja velho demais e não poder aproveitar o progresso que surgirá com essa estrada", diz Gaspar. "Mas o que me alegra é que os jovens de hoje não passar o que eu passei. Eu acabei minha mocidade entre aqueles atoleiros", acrescenta Gaspar.

O trecho da BR-317 foi aberto em 1966, no governo de Jorge Kalume. "Essa estrada foi aberta no braço. Não tinha como entrar trator aqui", conta o seringueiro Lupércio Maia, morador do quilômetro 65. "Do Kalume para cá, foram muitas promessas de asfaltamento.

Esse que anda hoje por aí fazendo campanha e esculhambando com o governador Jorge Viana já foi governador e, por incrível que pareça, foi no tempo em que ele era governo, que a estrada viveu seu pior momento", afirma Lupércio, referindo-se ao candidato do MDA ao

Governo, Flaviano Melo, que foi governador do Estado de 1987 a 1989. "No tempo em que ele governador, nem burro andava pela estrada. O que deveria ser a estrada, virou um varadourozinho tomado pela taboca", conta Lupércio.

Outro morador de Assis Brasil que não tem boas recordações do governo de Flaviano Melo é Manuel Tasso da Silva, conhecido como "Galego", de 78 anos. "Vivo em Assis Brasil há mais de 35 anos. Sou um dos pioneiros daqui e vi muita gente prometendo o asfalto para essa estrada e depois dar as costas para o nosso povo.

Esse Flaviano Melo foi um dos que andou por aqui prometendo que ia tirar a gente do isolamento e não fez nada", afirma. "Administrador para mim é esse Jorge Viana, que não prometeu e está fazendo a estrada. Isso é que homem, que faz sem prometer, que faz e não alega", define.

A meta do governo de Jorge Viana é que a estrada seja inaugurada nos primeiros dias de outubro. No último sábado, na condição de governador do Estado, Jorge Viana voltou a percorrer as obras, conferindo de perto cada detalhe.

Dos técnicos do Deracre (Departamento de Estradas e Rodagens do Acre), que fiscalizam o trabalho da construtora Tercam, Jorge Viana ouviu as explicações de que a tecnologia que está sendo empregada é uma das mais modernas no mundo.

O uso de equipamentos sofisticados para que o asfalto não tenha o menor declive, assim como o emprego de cimento para que a pavimentação tenha a maior durabilidade possível, chamam a atenção até de quem está acostumado em trabalhar em estradas.

"Eu nunca vi nada igual em rodovias construídas no Acre", disse o engenheiro Fernando Manuel Moutinho da Conceição, 33 anos de Deracre, coordenador da obra. "Saio daqui satisfeitos em saber que trabalhei numa obra em que o governador do Estado não mediu esforços para que esta seja uma estrada definitiva", disse Moutinho

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