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Estiagem faz nível de represa cair em SP

OESP, Metrópole, p. C9
17 de Ago de 2007

Estiagem faz nível de represa cair em SP
Sistema Guarapiranga estava com 55,3% da capacidade, ontem

Eduardo Reina e Naiana Oscar

Em três meses, o nível de água do Sistema Guarapiranga, que abastece 3,8 milhões de pessoas na capital e região metropolitana de São Paulo, baixou 15 pontos porcentuais. Passou de 70,3%, em 3 de maio, para 55,3% ontem, segundo dados da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp). É o menor nível para um mês de agosto nos últimos três anos. No ano passado, o índice estava em 64,9%. Em 2005, era de 69%.

De acordo com o superintendente de produção de água da Sabesp, Hélio Luiz Castro, o nível da represa está dentro do previsto e não acarreta prejuízo ao abastecimento de água na região metropolitana. "É normal. A represa enche no período das chuvas, entre outubro e março, e esvazia na estiagem, de abril a setembro. Estamos preparados para isso."

Mas, para os bombeiros que trabalham na região da represa, a seca fica mais evidente a cada dia. "Como fica mais raso, os barcos acabam sendo danificados. Temos que intensificar as manutenções. Além disso, os homens que trabalham na água sofrem com a poluição, que aumenta na mesma proporção que a represa seca", disse o tenente Marcus Cardaci.

Nos cálculos do pescador Manoel José da Silva, de 47 anos, nas últimas semanas, o nível da Guarapiranga diminuiu 15 centímetros por dia. O impacto disso ele sente na rede. "Quando o tempo tá de chuva, conseguimos 50 quilos de peixe por dia. Agora, não passam de 10 quilos", disse. Com a seca, os peixes se afastam das margens e vão para partes mais profundas da represa, onde os galhos de árvore acabam rasgando as redes. Acostumado com esse vai e vem da Guarapiranga, Manoel já sabe: "Se não chover até setembro, a coisa vai ficar feia".

Em outubro do ano passado, final do período de estiagem, o reservatório estava com 40,6% de sua capacidade de armazenamento. Depois disso, a situação foi melhorando gradativamente. Chegou em dezembro com 46,8% e só cresceu. No dia 31 de janeiro estava com 73,2%. O ápice foi em fevereiro: 78,3%.

Após o carnaval, a queda foi constante e rápida. Chegou a 31 de maio com 65,5% de água e perdeu mais 10% até ontem. Se a diminuição for mantida nesse ritmo, pode chegar ao final de outubro com o mesmo índice de outubro de 2006, com algo em torno de 40%, sem contar o aumento do nível de consumo.

A pior fase da represa foi registrada no final da primavera de 2002. O nível do reservatório, que produz 14 mil litros de água por segundo, atingiu 24,3% em 29 de outubro. Três anos antes, em 1o de outubro de 2001, havia registrado 24,5%.

O Guarapiranga é o segundo maior sistema de água da região metropolitana. O primeiro é o Cantareira. Segundo documento do Instituto Socioambiental (ISA), o reservatório tem 57% do seu território alterado por atividades humanas. Mais de 80% do esgoto produzido são despejados, sem qualquer tratamento, diretamente na represa.

Segundo a previsão do tempo, uma frente fria que vem do sul do continente deve chegar a São Paulo entre sábado e domingo, e pode trazer chuva fraca ao leste do Estado. A umidade relativa do ar chega a níveis alarmantes. O Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) registrou 12% de umidade relativa do ar em várias regiões da capital. Esse nível baixo é causado pela estiagem e pela inversão térmica.

De acordo com a Climatempo, a previsão é de que o clima seco predomine na capital até o fim do mês. Entre os dias 26 e 30, pode chover, mas em pouca quantidade. Em agosto do ano passado, o Instituto Nacional de Meteorologia registrou apenas 6 milímetros de chuva em São Paulo no mês de agosto.

OESP, 17/08/2007, Metrópole, p. C9

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