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"Estamos exterminando os índios brasileiros"

O Norte-João Pessoa-PB
Autor: Núbia Ramos
14 de Fev de 2002

A frase é do arcebispo da Paraíba durante a missa de Cinzas realizada ontem, na Capital

"Nosso país está exterminando os índios, temos que reparar esse erro com a demarcação correta e eficaz das terras que lhes pertencem", disse ontem, o arcebispo da Paraíba, Dom Marcelo Carvalheira, na missa de Quarta-feira de Cinzas que abre a Quaresma, realizada na Basílica de NOssa Senhora das Neves. A situação do índio e seus direitos estarão sendo discutidos na Campanha da Fraternidade 2002 que tem como tema: "Fraternidade e povos indígenas, por uma terra sem males". Dom Marcelo ressaltou que a igreja irá lutar por um grande sonho do índio que é o da igualdade em seus direitos, fraternidade entre os homens e justiça. "Esse é um sonho de toda a cristandade. Não podemos continuar expulsando esses povos de suas terras, temos que demarcá-las com justiça, esse tem que ser o país da fraternidade, do homem em busca de justiça, de amor, de paz. Temos que buscar o equilíbrio de nossos impulsos. Temos que exigir terras para esses povos irmãos".
Com a quarta-feira de Cinzas se inicia o tempo litúrgico da Quaresma, que constitui o itinerário de preparação e a porta de entrada à celebração do mistério da Páscoa de Cristo. É um caminho que evoca os quarenta dias de Moisés no Monte Sinai, os quarenta anos de Israel no deserto antes de entrar na terra prometida e os quarenta dias de jejum de Jesus antes de iniciar o Seu ministério público.
"Não é um simples tempo de penitência e de práticas ascéticas, mas um momento de profunda renovação interior e de uma viva participação no mistério pascal de Cristo. Por uma vida renovada, pelo desejo dessa vida plena", explica Dom Marcelo, ressaltando que a Quaresma é um tempo favorável para retomar o projeto de Deus revelado em Jesus. "Hoje os índios são vítimas da exclusão, isso tem que mudar".
O objetivo da igreja Católica é acabar com os preconceitos e valorizar a cultura dos índios. De acordo com a Funai, 350 mil indígenas vivem atualmente no Brasil em 170 tribos diferentes, mas grande parte do território deles ainda não está demarcada. E a campanha da Fraternidade vem com o objetivo de uma terra sem males, acabando com tudo que coloque o índio numa situação inferior, primitiva e violenta. "A missão da igreja é sempre pela luta pela vida e por uma convivência fraterna entre os homens".

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