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Estados Unidos fazem homenagens a índios que habitam, em Mato Grosso

24 Horas News-Cuiabá-MT
22 de Set de 2003

O povo Panará, que vive entre os estados de Mato Grosso e Pará, estão sendo homenageados até fevereiro de 2004 no Field Museum da cidade de Chicago/Estados Unidos, conceituado museu americano. A homenagem consiste numa mostra fotográfica, em preto e branco, que registra a saga do povo Panará, também conhecidos por Krenhakarore.

Sua história mostra uma grande luta na justiça e perseverança para conquistarem definitivamente sua terra natal, hoje demarcada e homologada. Lá, reconstruíram uma nova aldeia, às margens do rio Iriri, batizada de Nãsepotiti. O vídeo "O Brasil Grande e os Índios Gigantes", de Aurélio Michilllis, também faz parte da exposição do museu em Chigago.

A história do contato dos Panará com a sociedade não-índia é dramática. Na década de 70, com a construção da rodovia Cuiabá-Santarém, foram expulsos de suas terras e por pouco não acabaram extintos. A população de 400 pessoas, em 1973, foi reduzida para 70 indivíduos em 1975 e 250 atualmente.

Muitos deles foram vítimas de gripes e diarréias passadas pelos não índios e outros acabavam, para sobreviver, esmolando na beira da estrada. Para garantir a sobrevivência desse povo, a Funai o transferiu para o Parque Indígena do Xingu, onde também foi discriminado por outras etnias, que roubavam suas mulheres e os perseguiam. Mas o tempo em que permaneceram no Xingu, sonharam sempre com a volta para o local de origem.

Os Panará são os últimos descendentes dos Cayapó do Sul, um numeroso grupo que, no século 18, habitava uma vasta área no centro do Brasil, desde o norte de São Paulo, Triângulo Mineiro e sul de Goiás ao leste do Mato Grosso e leste e sudeste do Mato Grosso do Sul. Os Cayapó do Sul eram um símbolo de "ferocidade", porque não costumavam fazer prisioneiros em ações guerreiras. A intensificação da exploração mineral, que aumentou o fluxo comercial entre São Paulo e Goiás, em plena terra deles, induziu os governos das duas províncias a contratar sertanistas para afastá-los da rota de viajantes e mineradores.

Foram muitos e sangrentos os conflitos entre os Cayapó do Sul e os colonizadores portugueses nos caminhos de Goiás e de Cuiabá. Nos primeiros choques, segundo um cronista da época, mil Cayapó foram capturados numa só campanha de três meses. Outra pesquisadora calcula que oito mil foram escravizados nas primeiras guerras. Depois da segunda de do século XVIII, as bandeiras organizadas contra os Cayapó abandonaram o intuito de "descer", ou seja, escravizar os índios, limitando-se a matar todos os homens que pudessem pegar em armas. A guerra contra os Cayapó provocou mortandade e aldeamento compulsório.

O que se sabe, por meio da etnohistória, é que os atuais Panará ocuparam a bacia do Peixoto de Azevedo, afluente da margem direita do rio Teles Pires, formador do rio Tapajós, até o início do século. A riqueza natural da região contribuiu para que se fixassem nesta região.A tradição oral dos Panará conta que eles vieram do Leste, de uma região de campos cerrados, habitada por brancos extremamente selvagens e bravios, que tinham armas de fogo, que brigavam incansavelmente e que mataram muitos antepassados dos Panará. Segundo o chefe Akè Panará, "os velhos disseram para nós que, antigamente, os brancos mataram muitos Panará, de espingarda. Chegavam em nossas aldeias e matavam muitos. Se eles vierem para cá - diziam - matem eles de borduna, que eles são bravos".

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