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Estados da Amazônia levarão proposta de Política Agrícola a Roberto Rodrigues

Rádiobrás-Brasília-DF
Autor: Adriano Gaieski
22 de Set de 2003

Representantes dos nove estados da Amazônia Brasileira vão apresentar uma proposta de Política Agrícola ao ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, na abertura oficial da terceira edição do Amazontech - evento voltado à ciência, tecnologia e aos negócios sustentáveis da região. A entrega será feita na próxima quarta-feira, às 16 horas, em Manaus.

De acordo com o secretário de Apoio Rural e Cooperativismo do ministério, Manoel Valdemiro Rocha, os técnicos estão elaborando a proposta com base em três documentos: a Política Agrícola para Amazônia, preparada pelo Ministério da Agricultura; o Programa para o Arco do Desmatamento, apresentado por um grupo interministerial, e o Programa Amazônia Sustentável, desenvolvido pela Embrapa.

O grupo técnico também seguirá as diretrizes do Programa Nacional de Florestas, do Ministério do Meio Ambiente. O programa contém quatro recomendações básicas. A primeira é que a política de fomento agrícola na Amazônia se concentre na utilização das áreas desmatadas, para aumentar a produtividade atual e recuperar áreas já degradadas. A segunda é que o desenvolvimento agropecuário não deve provocar desmatamento de novas áreas na região. A terceira recomendação é que o processo de mudança no modelo agrícola ocorra em função da agricultura ecológica e dos sistemas agroflorestais e a quarta é que a política agrícola estimule o cumprimento da legislação ambiental, especialmente no que diz respeito à manutenção das áreas de preservação permanente e reserva legal.

Técnicos do ministério e das secretarias de Agricultura dos estados da Amazônia Legal - Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Mato Grosso, Maranhão, Rondônia, Roraima e Tocantins - se reúnem hoje e amanhã, em Manaus, para elaborar a proposta. Também participam do encontro pesquisadores das unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) do Acre e do Paraná.

Além da reunião com os secretários de Agricultura da região, o ministro visitará o Amazontech, que termina no sábado (27). Promovido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o evento será realizado no Studio 5 Festival Mall, em Manaus.

O Amazontech deve reunir mais de 100 expositores de diferentes setores, como mineração, piscicultura e fruticultura. A Embrapa montará um estande no evento, durante a qual serão realizados fóruns, seminários e palestras. A Superintendência do Sebrae no Amazonas estima que a feira movimente cerca de R$ 30 milhões em negócios neste ano.

Na semana passada o jornal norte-americano The New York Times publicou uma notícia relatando suposto desmatamento da Amazônia por causa do crescimento do plantio de soja na região. De acordo com o Ministério da Agricultura, em nota oficial, "isto reflete o protecionismo agrícola dos países desenvolvidos, incomodados com a expansão do agronegócio brasileiro". Hoje, o cultivo de soja no Norte do país, onde se situa a floresta amazônica, é de apenas 211,5 mil hectares, o que representa 0,06% da área de 387 milhões de hectares da região.

O ministério reafirma também a permanente preocupação do governo federal em preservar os recursos ambientais da Amazônia como forma de prover uma agricultura auto-sustentável e ecologicamente compatível com a região. "Por isso, o Brasil não permitirá que a floresta amazônica seja desmatada indiscriminadamente. Prova dessa política preservacionista é o fato de o país ser um dos signatários do Protocolo de Kyoto - instrumento que estabelece compromissos de preservação do meio ambiente do planeta".

Ao comentar a notícia publicada pelo jornal norte-americano, na edição de quarta-feira passada, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, alertou: "A gente tem que tomar muito cuidado com essa questão. Depois da frustração da reunião de Cancún (México), em que os países desenvolvidos não conseguiram impor regras que mantivessem o seu protecionismo, podem surgir acusações desse tipo".

Na nota, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento garante que "notadamente com os expressivos ganhos de produtividade, a agricultura brasileira tem ajudado a preservar a Amazônia". Estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprova que "um aumento significativo da produtividade nacional, desde 1975, permitiu poupar mais de 50 milhões de hectares de cerrado e florestas (área correspondente a duas vezes o estado de São Paulo), que poderiam ter sido desmatados para a abertura de novas áreas de plantio". Além disso, o Brasil ainda dispõe de 90 milhões de hectares agricultáveis inexplorados, que podem ser incorporados à agricultura sem que seja derrubada sequer uma árvore da Amazônia.

Atualmente o Brasil é um dos maiores produtores de grãos do mundo. A safra 2002/03 está estimada em 122,4 milhões de toneladas, com uma área plantada de 43,8 milhões de hectares. Em 1990/91, o país plantou 37,8 milhões de hectares e colheu 57,9 milhões de toneladas. Ou seja, nesse período a produção brasileira de grãos aumentou em 114% em volume - 6,4% ao ano - e apenas 15,9% em área - 1,2% ao ano. Por trás desse crescimento estão os pesados investimentos em tecnologia e pesquisa feitos pelo país, que resultaram num aumento de 81,1% da produtividade nesses 12 anos.

Das 122,4 milhões de toneladas de grãos da atual safra, 52 milhões de toneladas são de soja. Do total, o país deve exportar cerca de 27 milhões de toneladas, com um faturamento de US$ 8 bilhões, ultrapassando pela primeira vez o seu maior concorrente, os Estados Unidos. A perspectiva é de que a produção brasileira da oleaginosa continue crescendo nos próximos anos, tendo em vista o aumento de 84,4% na produtividade entre 1990/91 e 2002/03. Isso, segundo analistas de mercado, é que vem preocupando a concorrência.

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