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Estado construirá 5 barragens e Tietê ficará navegável a 98 km da capital

OESP, Metrópole, p. C1, C4
12 de Mai de 2012

Estado construirá 5 barragens e Tietê ficará navegável a 98 km da capital

JOSÉ MARIA TOMAZELA , SOROCABA

Um projeto do governo estadual vai alterar drasticamente a geografia do Rio Tietê, em uma região em que o leito ainda não sofreu interferências. O Departamento Hidroviário do Estado vai construir cinco barragens para tornar o rio navegável da zona rural de Anhembi, a 232 km de São Paulo, até o município de Salto, a 98 km da capital.
Uma sexta barragem está projetada para o Piracicaba, afluente do Tietê, levando a via navegável até Artemis, em Piracicaba. O Sistema Tietê-Paraná passará a ter mais 255 km navegáveis e a hidrovia vai ficar próxima da Região Metropolitana. O Tietê tem, hoje, oito barragens, três delas na Grande São Paulo: Edgard de Souza, em Santana de Parnaíba; Pirapora e do Rasgão, em Pirapora do Bom Jesus.
Esse novo projeto contempla a construção de barragens nos municípios de Anhembi, Conchas, Laranjal Paulista, Tietê e Porto Feliz, segundo o Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo. O diretor, Casemiro Tércio Carvalho, destaca que as primeiras licitações estão previstas para este ano e as obras devem alcançar um patamar bem avançado já em 2015.
Todas as barragens terão eclusas para a passagem de barcos. As de Anhembi e Conchas, com 5 e 8 metros de altura, terão a função de regular o nível dos reservatórios. As barragens de Santa Maria da Serra, Tietê, Porto Feliz e Laranjal Paulista terão ainda centrais para aproveitamento energético - a última ainda está em estudo de viabilidade. Os projetos mais adiantados são os de Santa Maria da Serra, Conchas e Anhembi.
Estão previstas ainda integrações com o corredor ferroviário de exportação Campinas-Santos em Piracicaba (Porto de Artemis) e Salto. Além disso, haverá conexão com a Rodovia Marechal Rondon em Anhembi, Conchas, Laranjal Paulista e Tietê, e com a Rodovia SP-79, ligação entre a Castelo e o Sistema Anhanguera-Bandeirantes, em Salto.
Ameaça. Ambientalistas já querem que o estudo de impacto para a construção de barragens no Tietê seja feito de forma integrada e não individual. "É preciso analisar o impacto no rio como um todo", afirmou Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da SOS Mata Atlântica. Segundo ela, os reservatórios vão interferir na característica geológica natural que contribui para dissipar a poluição do Tietê. "O rio com barragem perde as corredeiras e os poluentes lançados ficam retidos nos lagos."
Já o diretor Casemiro Carvalho disse que os impactos serão insignificantes, se comparados com os benefícios do projeto. Para o executivo, as barragens ainda contribuem para a retenção e a retirada do lixo lançado no rio. Ele informou que os reservatórios são limpos e dragados quando ocorre o assoreamento e acúmulo de lodo, até para evitar o encalhe de navios e barcaças.

Obras vão criar lago de 100 km em SP
Construção de barragens deve inundar uma área equivalente a 2 mil campos de futebol

José Maria Tomazela

SOROCABA - A sequência de barragens deve formar um lago com pelo menos 100 quilômetros de extensão e largura de até 4 quilômetros em alguns pontos. Apenas as barragens de Tietê e Laranjal Paulista devem inundar uma área equivalente a cerca de 2 mil campos de futebol. A extensão da hidrovia faz parte de convênio de R$ 1,7 bilhão com o governo federal, assinado no ano passado para melhorias e novas obras - o Estado dará uma contrapartida de R$ 800 milhões.
E as prefeituras já apostam na exploração do turismo nos lagos. O prefeito de Salto, Geraldo Garcia (PDT), por exemplo, já tem projeto de navegação turística entre a cidade e Porto Feliz. O projeto abrange a construção de atracadouros em pontos estratégicos para visitas a fazendas históricas.
Mas o projeto já levanta dúvidas de ambientalistas. A barragem de Tietê, segundo Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da SOS Mata Atlântica, poderá inundar o Parque das Monções, em Porto Feliz, ponto de partida das expedições bandeirantes entre os séculos 17 e 18. Trata-se de uma região tombada pelo patrimônio histórico estadual.
Procurado, o diretor do Departamento Hidroviário, Casemiro Tércio Carvalho, informou que o governo está fazendo com os órgãos ambientais a avaliação estratégica de todo o projeto. "Não faz sentido pensar em cada barragem individualmente."
Ele ressaltou que o projeto está sendo revisto para evitar que o sítio histórico de Porto Feliz seja atingido.
Pirapora sem espuma. Na segunda-feira, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) acompanhou o início das obras de construção de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH) na barragem de Pirapora, no Rio Tietê, na cidade de Pirapora do Bom Jesus. Com os equipamentos, a barragem de 50 anos, que servia apenas para regularizar a vazão do rio, vai gerar 25 megawatts de energia, suficiente para abastecer uma cidade de 300 mil habitantes.
A obra da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae) ficará pronta em 24 meses e contribuirá para reduzir a espuma que se forma na área urbana de Pirapora.

Tietê tem 750 km navegáveis
O Sistema Tietê-Paraná tem 2,4 mil km de vias navegáveis, dos quais 800 nos Rios Tietê (750 km) e Piracicaba (50 km). Com a expansão, a hidrovia no Tietê chegará a 1.055 km, incluindo os 105 km do Piracicaba. Com a extensão da via navegável, aliada a obras de modernização de terminais hidroviários, dragagem de trechos e melhoria nas pontes e eclusas já existentes, incluídas no pacote de R$ 1,7 bilhão, a hidrovia deve atrair cerca de 11,5 milhões de toneladas de cargas por ano, o dobro do desempenho atual, conforme a previsão do Departamento Hidroviário.
O Porto de Artemis, por exemplo, terá estrutura para embarque e desembarque de etanol. Em 2011, a hidrovia movimentou 5,8 milhões de toneladas de cargas como milho, soja, óleo, madeira e carvão de adubo.

OESP, 12/05/2012, Metrópole, p. C1, C4

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