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Está em nossas mãos

O Globo, Especial, p. 8
Autor: KLABIN, Israel
23 de Jun de 2012

Está em nossas mãos
O que temos de fazer é usar o bem maior das fontes de energia que nos foram fornecidas pela natureza: o sol, o vento, a água, o solo de forma sustentável

Israel Klabin

A Humanidade passa por um sistema complexo de crises em todos os modelos de sustentação de nossa presença no planeta. O modelo econômico, os mecanismos de inclusão social e os impactos ambientais não estão contemplados no rol das prioridades daqueles que têm o poder de salvar a nossa civilização.
As diferentes fórmulas de democracia cada vez representam menos o mérito de seus governantes e mais interesses imediatos que não se coadunam com as necessidades de pensamentos de longo prazo.
A Rio+20 mostrou, mais do que nunca, a dicotomia entre a consciência formada pela ciência e pela sociedade civil quanto à urgência de soluções para os problemas críticos, econômicos, sociais e ambientais, por um lado, e do outro, a falta de eco nas estruturas políticas responsáveis pela implementação dos remédios necessários. Uma crise de tal amplitude seria resolvida, no passado, por ciclos de guerras destrutivas. Hoje, a ciência e a globalização da informação, que mostra claramente a ineficácia de conflitos para resolver ciclos de crise na nossa civilização, são mais importantes como implementadores de soluções.
Quais os caminhos que deveríamos percorrer? O futuro nos indica que chegaremos a modelos de decisão política baseados em meritocracia e ética, resguardando todos os aspectos de liberdade individual, de direitos humanos e de igualdade entre os povos. A inclusão social não pode ser feita por caridade, mas sim como justiça. Os impactos ambientais devem ter soluções múltiplas, sendo que a inovação tecnológica bem como a evolução dos modelos de governança deverão nos dar um mundo mais seguro e não sujeito aos impactos ambientais oriundos das Mudanças Climáticas ocasionadas pela matriz energética.
Os limites do uso dos recursos do planeta pelo homem devem ser respeitados. Recursos esses que em alguns casos já estão ultrapassados. As soluções já estão em nossas mãos. Não há necessidade de grandes mudanças estruturais, nem na economia nem na democracia.
O que temos de fazer é equilibrar a nossa demanda de bens e serviços com a oferta de recursos não renováveis. O que precisamos fazer é usar o bem maior das fontes de energia que nos foram fornecidas pela natureza: o sol, o vento, a água, o solo de forma sustentável; sustentável para nós mesmos, nossos filhos e nossos netos.
O que temos de fazer é usar todos os mecanismos de informação já à nossa disposição para uma educação de sustentabilidade para as novas gerações, a fim de que elas próprias sejam capazes de administrar nosso planeta de forma melhor do que aquela que nós fizemos.
O que temos de fazer é saber que somos todos iguais e com direitos iguais a parcelas possíveis dos bens comuns, para que o planeta possa continuar a ser a nossa mãe.

Israel Klabin é presidente da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável

O Globo, 23/06/2012, Especial, p. 8

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