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Espuma volta ao Rio Tietê em Salto

OESP, Metrópole, p. C8
02 de Jul de 2008

Espuma volta ao Rio Tietê em Salto
Depois de dois anos, poluição e mau cheiro reaparecem no interior

José Maria Tomazela

Depois de uma trégua de quase dois anos, a espuma formada pelo excesso de poluição voltou a cobrir o Rio Tietê, em Salto, na região de Sorocaba. Na manhã de ontem, havia uma grossa camada, como um manto, sobre o rio em trechos que cortam a área urbana, a partir do Parque das Lavras, uma das atrações turísticas da cidade. Em alguns pontos, a espuma se misturava com o lixo flutuante, garrafas plásticas e pedaços de isopor.

A concentração maior de poluentes ocorria após a cachoeira, na região central, junto ao estádio da Associação Atlética Avenida. No início deste ano, a população comemorou a notícia de que a mancha de poluição do Tietê havia recuado em razão das obras de despoluição na Grande São Paulo, beneficiando Salto.

O pedreiro Geraldo Aparecido de Quadros, que trabalha numa obra à margem do rio, disse que o pior é o mau cheiro da espuma. "Tem dia que fica uma nata preta tão fedida que arde o nariz." Quadros disse que o cheiro é parecido com o de ovo podre. Segundo ele, a situação se agrava em razão da falta de chuvas e da vazão baixa.

O presidente do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Condema), Márcio Mendes da Silva, atribuiu a formação de espuma à baixa vazão decorrente da estiagem, aliada às condições do clima. Segundo ele, o recuo na mancha de poluição constatado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e atribuído às obras de despoluição na região metropolitana havia se estendido até Salto. "Deu para notar a melhora na qualidade da água e esperamos que essa situação (a espuma) seja passageira."

A última medição da qualidade das águas do Rio Tietê feita em Salto há menos de um mês pela SOS Mata Atlântica apontou 4 miligramas de oxigênio diluído na água, um índice muito ruim, segundo os parâmetros da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). Em 2002, no entanto, o índice era ainda pior e oscilava de 0 a 2, segundo a ambientalista Maria Luiza Ribeiro, coordenadora de projetos da entidade. Há dois meses, o índice estava entre 7 e 8 miligramas por litro, o que explicaria a presença de peixes. Ela atribuiu a recente queda na qualidade ao baixo volume de água no rio, causado pela estiagem.

Segundo Maria Luiza, as medições mostram que o rio sente positivamente os efeitos da ampliação no tratamento de esgotos obtida pelo Projeto Tietê. O problema da espuma, segundo a ambientalista, é causado pelo detergente biodegradável, que as donas de casa consideram ambientalmente correto.

A volta da espuma será discutida numa reunião do Comitê de Bacia do Sorocaba Médio-Tietê na sexta-feira. "Temos de começar a debater essa questão dos biodegradáveis", afirmou Maria Luiza.

OESP, 02/07/2008, Metrópole, p. C8

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