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Esperar solução para pobreza com plantação na Amazônia é dar falsas esperanças, diz Gore

FSP - https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/
22 de Jan de 2020

Esperar solução para pobreza com plantação na Amazônia é dar falsas esperanças, diz Gore
Político e ativista americano contesta afirmação de Guedes, mas diz que Brasil tem que ser respeitado

Luciana Coelho
Alexa Salomão
DAVOS

Al Gore, o ex-vice-presidente dos EUA convertido em ativista ambiental, respondeu ao comentário feito na véspera pelo ministro brasileiro Paulo Guedes (Economia) de que o maior inimigo do ambiente é a pobreza durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.

"Hoje é amplamente entendido que o solo na Amazônia é pobre. Dizer às pessoas no Brasil que elas vão chegar à Amazônia, cortar tudo e começar a plantar, e que terão colheitas por muitos anos, isso é dar falsa esperança a elas", afirmou. "Há, sim, respostas para a Amazônia, mas não é esta."

Gore foi indagado sobre a afirmação de Guedes pela mediadora durante um painel a respeito da Floresta Amazônica do qual participa ao lado do cientista brasileiro Carlos Nobre, do presidente da Colômbia, Ivan Duque, e da primatologista britânica Jane Goodall no palco mais nobre do evento.

A preservação ambiental é um dos eixos da reunião do Fórum neste ano, e a Amazônia é um foco de preocupação em uma Davos que, em pleno inverno nos Alpes Suíços, amanheceu sem neve nas ruas e temperaturas amenas.

"Os brasileiros, desde sempre, falam que não querem que outras pessoas se metam na questão amazônica. E isso deve ser respeitado" ponderou Gore antes de criticar a declaração de Guedes.

O ministro brasileiro fizera o comentário durante uma sessão na terça-feira (21) cujo tema era manufatura.

Questionado pela mediadora sobre como os governos poderiam lidar com o medo da população das consequências da mudança climática, Guedes apontou a pobreza como inimiga do ambiente e disse que o Brasil primeiro precisava consertar outros problemas nessa equação.

Lembrou, também, que as preocupações de quem desmata hoje poderiam ser diferentes daquelas de quem desmatou no passado -uma aparente alusão ao embate entre países emergentes e ricos sobre quem deve se responsabilizar financeiramente pela redução das emissões de gases-estufa.

Durante o painel desta quarta (22), Gore elogiou o trabalho de Nobre e lembrou do projeto do cientista para que a floresta trabalhe com culturas que já produz e que têm maior valor agregado, como o açaí.

O cientista, por sua vez, disse esperar que no próximo ano, quando voltar, possa celebrar menos desmatamento na Amazônia, e que para tanto era preciso da colaboração de todos os envolvidos na cadeia global de produção -empresas inclusive.

Gore também aproveitou para cutucar o presidente americano, Donald Trump, que na véspera discursara e pedira que as pessoas rejeitassem o alarmismo ambiental.

"Temos que agir agora, e sabemos o que precisa ser feito, para frear o aquecimento global. O que falta é vontade política", disse Gore, completando com uma alusão às eleições americanas em novembro. "Felizmente, vontade política é um recurso renovável."

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