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Especialistas discutem formas de beneficiar comunidades tradicionais que protegem florestas

Agência Brasil
19 de Out de 2010

Especialistas discutem formas de beneficiar comunidades tradicionais que protegem florestas

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Até a próxima quinta-feira (21), lideranças indígenas, comunidades tradicionais, movimentos sociais, organizações não governamentais e autoridades do governo tentarão avançar na definição das propostas para o regime nacional de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (Redd), mecanismo que beneficiará comunidades tradicionais que atuam na proteção das florestas.
"O Redd é um mecanismo que ainda está em construção, tanto nacional como internacionalmente. Por isso, estamos reunidos, a fim de apresentar um horizonte para o documento que será concluído pelo governo na Cop-16", disse o presidente do Grupo de Trabalho da Amazônia (GTA), Rubens Gomes, referindo-se à Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-16), que será realizada em Cancún, 29 de novembro a 10 de dezembro de 2010.
De acordo com o pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), André Nahur, a opinião das comunidades é importante e está prevista na convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre povos tradicionais e na declaração da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os direitos dos povos indígenas.
"Há muito o que se definir. Entre os principais pontos a serem discutidos está a questão de como os benefícios chegarão às bases", assinalou Nahur. Segundo ele, o repasse direto não seria a forma ideal "porque precisamos ancorar qualidade de vida, ambiente e longevidade" aos benefícios que virão.
A opinião é reforçada pelo presidente do GTA. "Apesar de sabermos que muito dinheiro será destinado ao Redd, sabemos que ele é finito. Por isso, precisamos garantir o acesso dessas populações a políticas públicas estruturantes, com desenvolvimento integrado", afirma. "Caso contrário, ao serem suspensos os repasses, corremos o risco de ver o retorno das população ao uso dos recursos naturais", acrescenta.
Entre as fontes de financiamento do Redd, estão empresas e outros países, principalmente por meio de acordos bilaterais e multilaterais, que mantém algumas iniciativas, como o Fundo Amazônia.
Para o GTA, uma questão fundamental será a decisão sobre a quem pertence as áreas beneficiadas. "A repartição dos benefícios será muito complexa", avalia Gomes. "Ainda que pertençam ao estado, essas florestas públicas devem ter, como donos, as populações locais, e não o governo."
"Por isso, precisamos definir quem são os donos dos estoques de carbono para que a repartição de benefícios e salvaguardas socioambientais sejam feitas da forma mais justa possível", acrescentou.
Edição: João Carlos Rodrigues

Agência Brasil, 19/10/2010

http://agenciabrasil.ebc.com.br/home/-/journal_content/56/19523/1082882

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