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Especialista critica economia "porca" na manutenção de Itaipu

FSP, Dinheiro, p. B3
04 de Fev de 2010

Especialista critica economia "porca" na manutenção de Itaipu
É mais caro ligar termelétricas do que substituir peças de linha de transmissão, afirma Pinguelli

Da sucursal do Rio

Na avaliação dos especialistas Luiz Pinguelli Rosa, da Coppe (Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia), da UFRJ, e Adilson de Oliveira, da mesma universidade, o aumento do consumo de energia revela uma grave falha na manutenção das linhas de transmissão de Itaipu, problema que obriga o ONS a reduzir a geração da usina para evitar sobrecarga do sistema.
Para Oliveira, não há, do ponto de vista de suprimento de energia, necessidade de ligar usinas termelétricas, já que os reservatórios estão tão cheios a ponto de verter água. "A decisão do ONS foi prudente para evitar o risco de sobrecarga, mas me surpreende. Mostra falha grave nas linhas de transmissão que já deveria ter sido detectada e corrigida antes."
Pinguelli Rosa faz a mesma avaliação: "Foi feita uma economia porca na manutenção das linhas. É muito mais caro ligar as térmicas do que substituir esses equipamentos".
As linhas de transmissão são de responsabilidade da estatal Furnas. Após o apagão, foi encontrado um problema nos isoladores. Alguns foram trocados e outros receberam um reforço adicional de segurança, cujo objetivo é impedir que o excesso de chuva e os raios provoquem curtos-circuitos, como os que levaram à saída de operação das três linhas de Itaipu e ao consequente blecaute em novembro passado.
Na visão de Pinguelli, o calor, a recuperação da indústria e o aumento da renda, no entanto, explicam os recordes de consumo. "É normal que o consumo cresça a cada dia, ainda mais quando o rendimento está em alta e mais pessoas compram eletrodomésticos."
Oliveira diz que o calor é o fator preponderante, já que, com as atuais temperaturas máximas na faixa dos 35C, o consumo de energia cresce com mais força. "Não creio que o consumo da indústria tenha provocado esses picos. O setor ainda produz num ritmo menor do que antes da crise."
Oliveira afirma ainda que há "um crescimento brutal do consumo de energia", baseado também no aumento do poder de compra provocado pelo ganho real do salário mínimo. Tal efeito, diz, levou à expansão do número de eletrodomésticos adquiridos, inclusive de aparelhos de ar-condicionado.
Para a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o Brasil "não está passando por nenhuma falta de energia". "Nós temos hoje energia suficiente nos reservatórios. Temos térmicas que não estão sendo usadas que estão sempre à disposição. Estamos com muita tranquilidade", disse a ministra ontem, na inauguração de um novo gasoduto da Petrobras, na baixada fluminense.

FSP, 04/02/2010, Dinheiro, p. B3

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